A 2º carta de uma enferma
Menton, 22 de agosto de 1998.
Querido Henry.
Hoje esta uma bela manhã, o sol, embora tímido ainda brilha, adorei a sua surpresa, aguardei ansiosa uma carta sua mais não imaginei que ela seria entregue pessoalmente, como estou feliz pela bela semana que passamos juntos, os nossos passeios pelas ruas de Menton me fizeram muito bem, estava a quase um mês nessa cidade e sequer havia saído de casa, acho que você carrega consigo o dom de me animar, é como se seus beijos me transmitissem um sopro a mais de vida e disso eu preciso tanto. Senti-me ótima nesses dias em que você esteve ao meu lado, até mesmo as terríveis dores que me castigam quase que diariamente desapareceram, você age como um balsamo no meu corpo fragilizado por essa maldita doença, queria poder esta com você todos os dias da minha vida, que por sinal, sinto que não são tantos, os médicos se mostram confiantes na minha frente mais papai e Amelie sempre voltam com cara de choro após conversarem a sóis com eles, eles bem que tentam disfarçar mais eu consigo perceber só que finjo não saber de nada, é horrível ver que as pessoas a sua voltam estão sem esperanças, tento ocupar os meus dias com coisas úteis, voltei a pintar e fiz uma tela especial pra você que quero lhe entregar pessoalmente, se ainda der tempo claro.
Já é tarde aqui em Menton o tempo esta ótimo, voltei a escrever a carta agora pq pela manha senti um forte enjôo, tenho andado cansada estes últimos dias, o engraçado é que quando você esteve aqui não senti nada, foi como se essa doença tivesse dado um tempo para nos dois, como se quisesse que você me visse bem, mais agora que você não esta ela voltou com ainda mais força. Hoje não consegui levantar-me da cama, minhas pernas doem muito, Amelie chamou o Dr. Gerard pq tive uma forte crise, mais agora já estou melhor, sinto que minha alma vai se desgrudando um pouquinho mais do meu corpo a cada crise, é horrível sentir-me assim.
Vou parar por aqui, Amelie pede que eu descanse mais, ate pq no novo tratamento os remédios são ainda mais fortes e as náuseas e vômitos aumentaram, não sinto vontade de comer nem beber nada. Por favor, sei que você tem sua vida toda ai na Holanda mas, venha me ver o mais breve possível, é egoísmo meu lhe pedir que deixe tudo para vim, só que preciso de mais um beijo seu, de mais um sopro de vida seu, por favor, não me negue esse pedido que sinto ser o meu ultimo.
Te amarei sempre
Beijos
Sua menina