Elites e esquerda militonta
Elites é uma palavra muito corrente no discurso da esquerda, sempre como alvo de raiva e desprezo. É evidente, querido sábio, que não deixei de ser um dia jovialmente permeável ao discurso indelével dos intelectuais e artistas de esquerda, que está replicado inclusive nos meios clericais. E para desqualificar um discurso assim tão estavelmente enfronhado na consciência nacional, que defende a legitimidade da bandidagem como reação inatacável à injustiça social, é preciso um conhecimento e uma retórica dos píncaros de onde troveja a voz de um filósofo como Olavo de Carvalho.
Ainda assim, doce sábio, digo-te que ouso declarar, já que denunciar é coisa de militontos, os quais não se cansam de vociferar os cacarecos chavonescos de todo dia, portanto, ouso declarar que estou tratando de me redimir. E não é fácil, é como estar a andar na corda bamba: as dúvidas, os contraditórios, os embates... Um desafio, no entanto, fascinante.
E quanto aos versículos dos ecochatos, defensores do verde e da intocabilidade da natureza, como idólatras anacrônicos a sacrificar criancinhas às árvores sagradas, bem, a esse nível de doutrinamento neo-pagão não acredito possa novamente entregar-me sem certo repúdio visceral. O que defendo, sábio de meus deleites, é que seja possível agregar valor econômico aos produtos ecológicos para que sejam apreciados pelo fluxo econômico global. Assim, acredito, nada estarei a inovar. E tampouco arrisco a confusão com os militontos de esquerda. Ah, sim, sou tonta sim, mas inteiramente entregue às vertigens da beleza e da sabedoria. E portanto, vertiginosamente afeita aos afetos de nossa proximidade.
Tenha uma dia proveitoso, reverenciado sábio reverente. Ou irreverente? Não importa. Aceite meus sinceros agradecimentos por sua existência apenas e nada mais.