“UM CASAÇO”
amor,
Suas palavras na tentativa de definir o que vivemos, ecoam na minha cabeça. Acho engraçado até. E não tenho como discordar de você, mesmo que tenha à mão um dicionário de sinônimos.
Um casaço mesmo é o que temos há esses anos todos...
É caso que ultrapassa cumplicidade, tesão, admiração, paixão e tantos outros “ãos”.
É caso de loucura, de medo.
É caso de perder a cabeça e o coração.
É caso do acaso, do destino. E chega a ser caso de polícia. E cá estamos presos, numa algema fria e invisível, que ata e desata nossos pulsos, quando bem entende.
É caso de não querermos mais nos ver, de ensaiar adeus que nunca sai de nenhum de nós dois.
É caso de medo de perder o que não sabemos o que é, mas sentimos claramente.
É caso de sonhar um futuro juntos, mesmo sabendo que ele não existe.
É caso de guardar todo um passado em cada entranha da pele e de esfregar com bucha os poros pra tirar deles os vestígios de amor.
É caso de animal, que não pensa, e de homem, que esquece o que é a tal razão.
É caso de fugir, sempre.
É caso que persegue a gente, mesmo que só ás vezes.
É caso que queima a pele e faz bocas arderem de tão gratas dos nossos beijos.
É caso que esfaqueia o coração na distância e na saudade.
É caso de encontros e desencontros, de amor e de sacanagem.
É caso de amor pra sempre, mas só de vez em quando.
É um casaço esse nosso!
04/08/04 Quinta-feira
Via Lagos 10:45
Ida pro Rio
Escrevi esse texto no ônibus que você me deixou, em São Pedro da Aldeia, na última vez que nos vimos. Achei ele hoje.