Para Sérgio Barroso
Meu amigo Mineiro,
soube semana passada que você está em campo de batalha travando, consigo mesmo, uma das mais difíceis guerras que um homem pode enfrentar.
A briga agora não é pelo prato de feijão da meninada, pelo teto para abrigo, para concentrar-se em cálculos ou em melodias difíceis, pela grana para fazer uma ou outra estripulia, nem mesmo pela atenção de quem tem um belo par de pernas...
Tua briga hoje é para manter-te vivo, ao menos seja, para contar a muita gente como se fazem boas brigas, como foram aquelas, esta e as outras que ainda virão.
Sempre foste guerreiro, bom de briga e de prosa. Sempre foste poeta, menino, moleque, encarou a vida de frente.
Sei que não temes a morte, mas vê-la cara a cara assusta a gente e possibilita pensar no que foi que fizemos durante uma vida todinha, só nossa, algumas vezes de forma negligente...
Não pensa nisto não! Agradece pelo suor do teu rosto em tantas outras batalhas! Por todo sorriso, por gestos de carinho, cheiros, gostos e sabores, por tudo que você compartilhou e amou...
Sei que amaste muito, porque poetas sempre tem o coração largo... Poetas sempre vêem de ângulos diferentes... ouvem e tocam outros corações de uma forma só sua, duros que pareçam ser, cativam permanentemente.
Tu que aprecia suaves melodias, tem sido embalados por mãos celestes... Não duvide, velando e pedindo por ti, há uma orquestra inteirinha de sons... são as vozes dos anjos, de homens como tu e santos, que não sei muito bem como são... mas sei que existem... todos sob a batuta de um grande arquiteto, que sem parecer engraçado, também é um maestro levado...
Tem fé. Continua acreditando.
Paz, fé, amor, serenidade, confiança, alívio para tua dor, venham dos céus sobre ti e te confortem.
Um saudoso abraço da amiga Lúcia Siqueira.
======================
Escrito em 16/07/07 para meu amigo Sérgio Barroso, que dois dias depois fez sua viagem. Tenho saudades de ti Mineiro e sempre, sempre me recordo deseu sorriso franco.