Carta A Uma Companheira

Olho o mar. Seu fascínio, mistério e beleza me fazem lembrar você. Afinal, quando lhe conheci foi assim como ver o mar pela primeira vez. Com um simples olhar me apaixonei.

A partir daquele momento, passamos a ser um só e a vivermos o doce sabor dos enamorados. Aos poucos, nosso amor de tão intenso começou a transbordar e assim sentimos que podíamos dividi-lo com outro ser. Deste modo, em seu ventre, plantei o fruto do nosso amor e paixão.

Tudo era felicidade. Fazíamos planos, sonhávamos acordados, vivíamos imensamente cada momento com muita paz e riqueza interior. Você, grávida, vivenciava sua plenitude de mulher, esposa e futura mãe. À noite, costumava encostar na cama e, com um largo sorriso, acariciar sua linda barriga e balbuciar palavras de carinho para o tão desejado filho.

Enfim, tudo era mágico e sedutor. Porém, como os desígnios de Deus são vedados aos corações dos homens, as asas do destino me surpreenderam e assim, numa manhã de outono, a sombra da morte pairou em nosso lar.

Hoje, após alguns meses e restabelecido um pouco o meu equilíbrio espiritual, é possível aceitar com mais tranqüilidade a sua passagem.

Felizmente, tenho em nosso filho um pouco de você e a certeza de que, através dele, continuarei a amá-la por toda vida.

Beijos.

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Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 16/04/2005
Reeditado em 26/07/2008
Código do texto: T11553