A ROSA SANGRENTA DAS IDÉIAS

Querido amigo Elio Moreira!

Obrigado pela manifestação que me é remetida. Já te conheço o suficiente pra saber que é sincera e verdadeira, porque sei de teu imenso coração generoso, bondoso, e a espiritualidade que ocupa a tua cuca. Por baixo desta carcaça de homem rural habita um espírito muito lúcido.

Estou honrado e feliz porque não são muitos os que me entendem, pois também sou franco e sincero, e isto incomoda o normal das pessoas, as quais se acostumaram ao superficial da mentira e da vaidade...

Veja-se o recente episódio do Patronato da 8ª Feira do Livro de Torres. Esqueci-me de que os jovens ainda não descobriram o mundo real e se orientam pelo "sucesso", que é a palavra-chave com que se norteiam neste mundo tão passageiro, de tão curta duração...

Mexi com a vaidade e a auto-estima do pessoal do SESC de Torres, que devem achar que o dinheiro compra tudo... E o que é pior, com o dinheiro do comerciário sindicalizado e dos impostos gerais, os quais pagam os programas culturais previamente aprovados pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC, da qual faz parte a Confederação Nacional do Comércio, da qual o SESC é o braço operacional. Dinheiro que é de todos nós...

Mas os executivos jovens são governados pela ilusão de que o dinheiro é tudo, a incontestável mola-mestra do mundo! Diferentemente do que pensam os artistas e livre–pensadores, que, a par de verem a utilidade da moeda, sabem que o reino das idéias é incomprável, como um dia disse ao mundo, no final do século XIX, Gaspar Silveira Martins (05/08/1834, Bagé (RS), 23/07/1901, Montevidéu, Uruguai), o ilustre bageense, líder dos federalistas rio-grandenses, e que reverbera até hoje nos lúcidos: "Idéias não são metais que se fundem!".

Desde que te conheci apreciei o teu jeito de campônio, da boa raiz do campesinato, daquele que aprendeu a esperar pela semente a germinar e a plantinha a nascer, sabendo que nem todos os dias são iguais. Por certo aprendeste isto em sóis e chuvas, porque a vida te agracia com a proximidade da idade da sabedoria – os moirões do território dos sessenta – na atualidade, na qual o agricultor cedeu lugar ao poeta. Perseverança e dedicação...

Segue, com o carinho de sempre, para o registro de meu afeto e agradecimento às tuas palavras bondosas, que me farão dormir com a sensação do dever cumprido neste de 24 de agosto, dia em que, há 54 anos se suicidava o presidente Getúlio Dornelles Vargas, o "Pai dos Pobres", figura reconhecida como um dos 20 brasileiros mais importantes do século XX.

Penhorado e agradecido, o poetinha Joaquim Moncks.

(extraído do rol dos ‘Agradecimentos’ do livro de Élio Moreira)

"Joaquim Moncks

Meu Amado e querido amigo "Poetinha", dirigente da CASA DO POETA BRASILEIRO – POEBRAS – por ter insistido e conseguido passar-me um mínimo de seus conhecimentos, também pelo incentivo fervoroso ao trabalho, me abriu todas as portas para que nos segmentos literários eu viesse a desenvolver um trabalho franco e honesto em prol da cultura torrense.

Obrigado, meu Mestre, saibas que em teus ensinamentos, os quais avidamente absorvi, mesmo usando em alguns momentos certas palavras que me magoaram, mas que me abriram novos horizontes, fazendo com que mudasse o procedimento e me direcionasse para uma nova dimensão cultural, muito mais bela, mais rica e muito mais sincera.".

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006 / 2007.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/1143866