Pai

Sempre que escrevi sobre o meu pai foi pra elogiar o homem que por muitos anos foi o meu maior apoio. Esse homem que soube crescer e me deixou fazer o mesmo. Que soube me amar mesmo quando parecia não se importar. Que me deixou ir e me levantou correndo quando eu caí. Que dormiu no carro várias noites pra que eu fosse pras festas quando minha mãe não me deixou ir. Esse é o pai que tenho e que admiro. Esse é o meu pai.

Mas ontem, pai, não sei por que motivo direito, nem por que falei aquelas coisas, nem por que fiz daquele jeito, eu te magoei. Eu disse coisas que você neunca mereceu ouvir. Eu disse mentiras sobre você e sobre o que eu pensava. Foi meu jeito de te agradecer por tudo o que já fez por mim...

Aquela menina mimada que te gritou ontem não pode ser a mesma menina que te ama, que te beija, que se preocupa quando ver teu olhar distante, teu corpo cansado, você cedendo, você caindo.

Sou tão agradecida pelo teu trabalho, por me proporcionar a realização dos meus sonhos, por ser meu pai amado e querido e por algum motivo, pai, eu te magoei. E por isso te escrevo, mesmo que você nunca leia isso, preciso pedir que me perdoei. Demorei a pegar no sono pensando em você e foi em você que eu pensei o dia inteiro. Eu errei. Mas quem não erra?

Que dor senti ao ver teu olhar triste querendo ainda me animar e sem conseguir grandes coisas, teu olhar triste a sair de casa. Pai, sufoquei um grito de dor, por que te amo e não quero que se arrependa de ser meu pai, meu tão bondoso pai. Gostaria muito que você se orgulhasse de mim tanto quanto eu me orgulho de você.

Sei que nasci na família mais perfeita que alguém pode nascer, eu sei. É que as vezez esqueço de agradecer por isso, peço demais e faço de menos, como mainha vive dizendo. Sei que esses dias tem gastado até mais do que pode comigo, eu sei, mas pai, fazia tanto tempo que eu te pedia. Deixa pra lá!

Desculpa. Nunca saberei como retribuir tudo o que faz por mim. Você, com toda a certeza, é o melhor pai do mundo, por que você é o meu pai, meu tão mado pai.

Clara Belmiro
Enviado por Clara Belmiro em 20/02/2006
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