Uma Só História
Sonhei que era uma menina. Tinha longos cabelos dourados e duas tranças amarradas por fitas azuis.
E você, homem feito, me levava pela mão para algum lugar.
Caminhando pela estrada, a cada passo dado, eu crescia. Com o tempo tornei-me mulher.
Foi quando você olhou para o lado e ficou surpreso ao me encontrar diferente daquela menina que um dia pegou sua mão.
Com o corpo de mulher, mas o coração de uma menina, olhava tímida para você que me parecia tão homem, tão maduro e forte.
Então você me sorriu e perdi o medo e a timidez.
Disse-me que se não soltasse sua mão, me levaria para um lugar onde as estrelas brilham, os pássaros cantam todos os dias e as flores nascem brotos de alegria a cada manhã.
Contou-me que lá tinha um livro de ouro e que nele escreveria o meu nome, junto com o seu. Para que assim, na eternidade, todos soubessem que nos amavamos como nunca alguém se amou sobre a face da terra...
E quando terminou de dizer tudo isso, você abriu as asas e voou...
Eu não tinha asas e não podia voar com você. E com medo, com muito medo, soltei sua mão... e então... vi você subindo para o alto, solitário e triste.
E fiquei só. Minha alma adoeceu e chorei de tristeza...
E minhas lágrimas foram se acumulando no chão e se transformando em pedras. Formaram uma montanha muito alta. Dela eu podia ver o universo.
Foi nesse dia, no dia em que atingi o topo da montanha, que você surgiu para mim outra vez, dizendo-me:
- Essa montanha sempre foi você dentro de mim. Vem, me dê a sua mão. Agora você aprendeu a caminhar sobre a tua dor e o teu sofrimento. Agora você já aprendeu a voar sobre os obstáculos que se apresentam em teu caminho. Está pronta para ver o mundo do alto da montanha azul...
Olhei meu próprio corpo e percebi que haviam nascido asas em mim. E assim, abri minhas asas e voei com você pelos ares. As flores cantavam e os pássaros faziam eco da nossa história.
Acordei e sabia:
Você existe por um motivo: Me amar e me fazer feliz a cada dia. E eu existo por um motivo: Amar você e te fazer feliz a cada dia.
Porque somos dois parágrafos que viviam longe, se buscaram pelos caminhos torpes da vida, por fim se encontraram e se tornaram uma só história.