O tempo não apaga o querer bem.

O jeito doce no olhar... A espontaneidade e leveza dos gestos. A natureza humana é mesmo capaz de atitudes positivas quando desarmada.

Ao sair dali fui ver uma apresentação instrumental no Museu da Casa Brasileira, de onde liguei pra agradecer a sua ajuda.

Depois me abriguei num lugar onde me sinto super à vontade, acolhida e alegre.

Durante o dia rememorei a cena onde todo o planeta se abraçou, se acolheu, se reconciliou... Teve algo que acabei esquecendo falar no final. Vi várias portas se abrindo, e ao passar pelas portas, em cada uma delas, uma coloração diferente, azul, amarela, verde, branca, alaranjada, lilás... Vários tons de cores a iluminar cada passagem. Pensei na gente, ali, junto com todo mundo recebendo a oportunidade de reconciliação, de se reaproximar de outra maneira, com carinho e com amizade sincera.

No final do dia fui ver um show do Hamilton de Holanda e Seu Jorge. Ouvindo aquele som instrumental do bandolim do Hamilton, as homenagens ao Caymmi me fez pensar no ritmo e no rumo da minha vida.

Lembrei de quando era menina e dizia: quando crescer quero ser jornalista, dessas que percorrem o mundo, conhece culturas e as registram. Não quero casar, como todo mundo. Quero morar sozinha, ter o meu canto... E cá estou... Tarde me formei em jornalismo, e hoje vivendo sozinha. A gente sente antes o que está no nosso destino, às vezes até pronuncia, mesmo sem entender... E a vida se encarrega de revelar aos poucos a nossa trajetória.

Lembrei das vezes que você me dizia: Vejo-me morando sozinho, nunca casinha branca, simples e pequena...

Lembrei das vezes que fomos assistir a shows juntos. Do nosso convívio bom. Dos passeios de bicicletas, das afinidades, das conversas boas antes de adormecer, da nossa intimidade. Dos inúmeros momentos bons que vivemos. Do nosso passado bom.

Dormi muito bem e acordei com vontade de registrar esses sentimentos todos, guardados, acolhidos dentro de mim durante o dia e noite de ontem, e veio assim: Quando acordou estava sem ninguém.

Em seguida a frase da canção do Cartola:

Linda, corra e olhe o céu, que o sol vem trazer bom dia!

Abri a janela do quarto às sete da manhã e Ele, o Sol, estava lá, lindo, brilhando naturalmente pra todos nós, como sempre!

Lembrei das inúmeras vezes que contemplamos o Sol e a Lua juntos...

Tive vontade de te ligar, mas não tive coragem

Também não tenho mais coragem de pedir que você volte a conviver comigo, como ser humano, como amigo. O que peço é que eu encontre uma maneira de viver sem a sua presença em minha vida. Que exista entre nós admiração, carinho, respeito e tantas outras coisas boas que podemos reproduzir aos outros, independente de estarmos juntos.

Não existe disfarce quando a gente se quer bem... O silêncio, o sorriso, o carinho permanece forte. Eu sinto, eu sei... Isso que vale!

O tempo não apaga o querer bem. Até o choro limpo, no momento de escrever essas linhas é manso, de gratidão, de gosto bom.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 18/08/2008
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T1133864