MENTE DE BOM CORAÇÃO E COBRA DE BOM VENENO
MENTE DE BOM CORAÇÃO E COBRA DE BOM VENENO
Um Transgressor com Boa Vontade
Sylvio Neto
“ Corro e lanço um vírus no ar
A sua propaganda não vai me afetar”
(Nação Zumbi)
(...) E a grandeza épica
de um povo em formação, nos atrai
nos deslumbra e estimula.
Não importa nada: nem o traço do sobrado
nem a lente do fantástico
nem a música de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão (...)
(Haity, Caetano Veloso/Gilberto Gil)
Aqueles que me conhecem, sabem que mora aqui, neste meu peito – que é senhor de tantas histórias, verdades, mentiras e mistérios – um bom amigo, um cidadão buscador de ser digno – posto que ainda não sou – um crente na Boa Vontade.
Na Boa Vontade, aliás, está a justificativa, para viver, sofrer, querer e ser. Não há, em minha boa Vontade, esta intensa moradora de meu peito, uma verdade cristã. Embora viva mergulhado neste mundo, pois que, não sou senhor potente como propõe Nietzche. E que força terei para transformar a sociedade cristã, senhora de 2000 anos? Portanto tenho aceito a contra gosto, mais isso, como imposição.
Em meu peito de Boa Vontade, impera a transgressão. Sou um cidadão transgressor. Ah! Mas não me peça para citar Lacan ou Bataille. Não consigo ser o intelectual que gostaria.
Uma série de espetáculos tem sido oferecidos ao mundo. Via satélite chegam eles a todos. A aldeia global em si é espetacular. Em sua maioria os espetáculos são ações resultantes das transgressões produzidas pelo hommo. A atitude espetacular é glamourizada pela sua multiplicação no valor agregado indexado pelas imagens da televisão. Assim foi com o WTC e suas imagens espetaculares, uma transgressão que marcaria o século, assim o é, nas explosões espetaculares de homens bomba, pessoas que estão entre a coragem e a insanidade, verdadeiros transgressores do espetáculo da vida. A pouco tempo redigi um texto que intitulei “ Morte Espetacular” , em alusão ao programa em que fora exibida e da forma como foi tratada a matéria, simplesmente transgressora, absolutamente espetacular e criminosa. Em sua maioria os espetáculos são criminosos e sangrentos. São as transgressões do mal, as transgressões daqueles que perderam a esperança e a paciência - talvez sejam o único recurso a ditadura do imperialismo (cacófono?), não sei, não estou aqui a julgar. Este tipo de transgressão que tratamos aqui, e que é vítima ou estrela dos holofotes do espetáculo, não é absolutamente, a que meu peito dá morada e abrigo.
Em meu peito de Boa Vontade, impera a transgressão. Sou um cidadão transgressor. O espetáculo de brilho que proponho é o da transgressão do bem.
“ Não paro para falar do que não quero/e se paro para falar/é de coisa que considero importante,/relevante para o crescimento mental,/social.
Estou a quase nove palmos da terra/Acima do chão, em cima da lamaQue mata , soterra e enterra a cidade (...) “
Sylvio Neto
Esta minha transgressão é mais sutil que a dos políticos ou ditos cidadãos potentes. A minha transgressão tem sido dirigida a produção de um estado de possível crescimento da sociedade a minha volta, seja enquanto educador seja enquanto agente de cultura ou como ator de um processo disperso, porém, verdadeiro de envolvimento com a crônica e o entendimento da produção cultural desta praça em que vivo. Minha Boa Vontade Transgressora, divaga em abismos é bem verdade, alguns tão profundos que não cabem aqui. Porém a maior sinergia, volta-se a atender a um chamamento curioso e animal, deste peito, que falo. Atendo ao que entendo como sendo um Amor Universal, caminho inexorável, para aqueles que ousam projetar uma melhora do hommo.
Não tenho certezas. O tempo é senhor de determinar verdades. Verdades são relativas.
Neste caminho de transgressões, principalmente nas propostas, cometidas em função do Projeto Sócio Cultural Flor de Bel, cabe sem aperto um pedido de desculpas “ Desculpa meu peito, aqueles ofendidos, magoados e descontentes. Desculpa minha boa vontade e também a minha transgressão. Desculpa a minha ignorância. Desculpa, pois que tem havido em mim mais culpa que acertos: Há um deserto aqui onde caminho. Há uma solidão aqui onde este poeta canta. Há aqui contradições. A transgressão que me liberta do normal, da empatia e da total complacência, há de produzir em mim uma consciência mais pura do real, farei jorrar água do deserto, pois sou poeta e tudo posso de maneira concretamente escrita:
" O que está acontecendo aqui?
Nós precisamos de amor
O que está acontecendo aqui?
Nós precisamos de amor
We can love, the universal love
We can love, the universal love
Para onde estamos indo?
Caminhando assim tão rápido
Para onde estamos indo?
Dirigindo assim tão rápido
We can love, the universal love