Por que as histórias terminam?
Por que as histórias terminam? Por que a felicidade é algo ao mesmo tempo tão palpável e tão utópico? Fico procurando respostas sem saber ao certo por onde começar...
Fico procurando respostas, entorpecido pelos acontecimentos que se esvoaçam em lembranças que não fazem sentido algum trazê-las cingidas em minha memória...
Realmente, procuro respostas nos lugares errados, buscando em pessoas e lugares sentimentos e passagens que ratifiquem minha visão utópica da vida e seus meandros....
Desde cedo aprendi que a vida é simples demais para ser vivida... Basta que apenas nos deixemos levar pelas asas da liberdade e do amor – estandarte único de todas as nossas ações...
Basta que enxerguemos não os nossos próprios sentimentos umbilicais, mas, sobretudo, nossas aspirações refletidas em tudo ao nosso redor...
Busco o olhar inocente da criança a cada passo que dou e tenho chegado à conclusão que este tem sido meu erro... Sim, tenho errado em não reconhecer as respostas de puerilidade e infância com que enxergo meu lugar e meu mundo...
Minha visão romântica das coisas chega a ser paranóica diante da realidade do mundo de toda sociedade cosmopolita que me cerca...
Ratifico essa percepção errônea nos amores que vivi e que deixei escapar por entre os dedos... Pela incapacidade de mostrar que o mundo, sim, merece ser visto com os meus olhos de criança e que a vida é mais colorida do que o cinza das cidades e o nebuloso do céu...
Pequei em meus esforços em não conseguir propagar a chama rubra da beleza que há em cada alvorecer e em cada pôr-do-sol...
Pois bem... Essa é mais uma história que termina... Cai no mesmo erro comum da vala torpe das ideologias enlatadas, do consumismo exacerbado, dos sentimentos perecíveis... Procurei negar desde o inicio a ambivalência cruel da proporcionalidade que existe em toda nossa existência... O copo meio cheio, meio vazio; o dia meio chuvoso, meio ensolarado; o sorriso meio triste, a tristeza meio alegre...
Como fui ingênuo... Como pude iludir-me diante das assertivas e sinais tácitos de que a vida segue seu rumo e o tempo não pára...
Enveredei-me em sendas que não pude compreender pelo simples fato das minhas ilusões românticas sobre as pessoas... Busquei caminhar além de minhas possibilidades somente agarrado à esperança de que a vida não poderia ser tão cíclica quanto os filósofos apregoam... Entorpeci-me pela idéia de que uma nova vida se abriria perante minhas lutas, meus sofismas, minhas aspirações e decepções....
Sim... Fui tolo. Novamente tolo em não reconhecer que, de fato, meu destino se apresentara de outra forma, que decisões teriam que ser tomadas e que novos caminhos deveriam ser trilhados....
Fiz a escolha errada, mas não me culpo em demasia.... Minha parcela de culpa se reporta à inocência de meu olhar e percepção românticas, que ao mesmo tempo me enlevam e me destroem...
Mais uma vez as colunas de minhas aspirações desabaram contra meu corpo... Novas cicatrizes foram criadas e novas feridas se apresentaram... Resta-me apenas tratá-las com a mesma abnegação e fé com que tratei de todas as outras que carrego nesta história tão curta...
Quero curá-las e tornar novamente meu olhar ainda quixotesco para a hora vindima e reconhecer ao final de minha vida que combati o bom combate, que amei sem o remorso da espera fútil, que gozei dos prazeres e benesses que minha vida me deu, mas, sobretudo, que continuei carregando comigo o amor como estandarte principal de minhas ações, assim como as únicas certezas de toda minha história: MINHA FÉ, MINHA FAMÍLIA E MEUS AMIGOS...
Ad majora natus
Alexandre Casimiro