AB AETERNO
Imaruí, SC 05 de agosto de 2008
Amigo e Confrade Zulmar,
Prezado amigo, espero e faço votos que ao leres esta singela cartinha tu estejas de boa saúde, esses votos eu também os faço sinceramente extensivos a toda a tua família.
Hoje, como é de costume eu quero abordar um assunto muito atual, e que antes pertencia somente a área indevassável dos cientistas astrofísicos.
Tanto é assim que, os meios de comunicação nos trazem todas as informações em linguagem leiga e de forma didática, linguagem essa que se for popularizada tecnicamente, por certo, que nada entenderíamos.
Mesmo sendo feita numa exposição simples e elucidativa, acreditamos que a maioria ainda não percebe de fato o que acontece por várias razões.
A ciência e a religião, atualmente, vivem uma paz armada, todavia a ciência chega ao vulgo com mais clareza, quanto à religião, ela sim, teima em permanecer com os seus dogmas considerados anacrônicos.
Pois é mais fácil sentir a Deus através da ciência, do que vê-lo misteriosamente escondido nos incompreensíveis dogmas.
Sempre fomos questionadores dos ditos mistérios que os nossos pais, a escola, a igreja nos passaram.
Na verdade, meu amigo, eu hoje quero te dizer que os mistérios não existem, podes até querer me questionar a respeito, entretanto eu volto a te afirmar que o que existe é uma grande falta nossa de percepção.
Veja bem, dizem todas as religiões que Deus sempre existiu e sempre existirá, e que não teve um começo e nem terá um fim.
Bom, dizem também que o mundo foi feito do nada.
Se nada existia, não se tem como fazer um mundo do nada, e se nada existia o que fazia Deus mergulhado no nada – talvez nada fosse também.
Hoje é cientificamente sabido que o universo é cíclico, todas as teorias apontam para essa possibilidade.
O tempo entre um ciclo e outro, hoje é avaliado em mais ou menos 45 bilhões de anos.
Durante esse longo tempo cria-se o universo com as suas galáxias e todos os demais componentes astronômicos e, por conseqüência criam-se vidas, esse seria o efeito maravilhoso do Big-Bang, ou melhor, seria o dia magnífico de Brahma.
É sabido hoje que o universo está se expandido quase a velocidade da luz, portanto, um dia, ele vai perder a força de expansão e vai se contrair.
As galáxias se sobreporão uma sobre as outras, criando assim um núcleo duro ou denso de alta energia que irá explodir de novo, para este fenômeno cosmogônico os cientistas deram o nome de Big Crunch, ou melhor, a tenebrosa noite de Brahma.
Entre a explosão de um Big- Bang e a contração de um Big Crunch, hoje o tempo estimado como dissemos é de 45 bilhões de anos, que convenhamos é uma eternidade, não que seja de fato, mas assim é de fato percebida.
Assim sendo e com muita humildade, eu me atrevo em afirmar que o universo é eterno (Ab aeterno), talvez aqui estejamos esbarrando em Deus, entretanto não desejo cair no panteísmo, dizendo que tudo é Deus.
Mas poderia dizer com mais tranqüilidade que tudo está em Deus, seria aqui o panenteísmo de Chardin, pois a energia que suporta e sustenta esse universo seria Ele mesmo.
Meu caro amigo, eu confesso que essa seria a minha visão cientifica de Deus que, eu quero crer, não contraria as religiões.
Mesmo porque, as religiões propalam um Deus antropomorfo, o que é inadmissível, quando eu na verdade acredito num Deus que é imanente no próprio universo, por isso, o Universo e Deus são eternos e se confundem.
Deus é a quintessência da energia que governa o universo.
Meu caro amigo, à medida que a ciência avança não diminui o território de Deus, ao contrário, o homem, conscientemente, mais perto de Deus chega e mais o compreende nas suas infinitas qualidades.
Desculpe a aridez dessa cartinha, todavia se for contemplado com uma resposta tua, eu saberei o que pensas a respeito do assunto aqui tratado.
Um abraço deste teu amigo cheio de Deus.