A FLORESTA ENCANTADA

(para Miguel Limberger, em Segredo/RS - 2001)

Saúde paz e fraternidade. Que Deus, na sua onisciência, possa nos abençoar e que sejamos dignos destas bênçãos.

Com muito, carinho, desvelo e algum trabalho estou remetendo vários materiais do nosso agrado. São oito (08) documentos, no total, a saber:

1. Cópia computadorizada dos originais de teu livro infantil “A FLORESTA ENCANTADA”, com anotações no verso das páginas. E estas estão numeradas de 01 a 29 os verbetes críticos;

2. Cópia de tua carta de 16 de julho p.p., pela qual me pedes a predita crítica. Grato pela tua confiança. Esta me fez tomar a decisão de entregar o original (cópia referida no item 1.) a uma especialista na área e na modalidade de literatura infantil, eis que, recentemente abordara, em um ensaio, a questão da literatura infantil;

3. Análise crítica do livro referido, assinada pela Mestra na área de Língua Portuguesa, Prof. Zully Oney Teijeiro, residente nesta capital;

4. Convite para a palestra de Walter Galvani, no ciclo da ARL, para o dia 16 do corrente, às 16 horas, no Solar dos Câmaras. Acaso tenhas de vir até aqui, veja se podes conciliar, assim bateremos um papinho amigo;

5. Panfleto sobre o nosso livrinho “O POÇO DAS ALMAS”, editado pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL, com endereços, inclusive o eletrônico, para o caso de pedidos via INTERNET. A obra não está nas livrarias porque encareceria o preço. Assim, o livro custa dez reais (se é que o preço não foi corrigido na editora), mais a despesa de remessa. Sairá, no máximo, a quinze reais. Se quiseres vir a adquiri-lo comigo, em breve buscarei alguns exemplares em Pelotas, e o terei à disposição. Sei que gostarás do “mergulho no poço”.

6. 7. e 8. Jornais RS LETRAS, nº 02, 03 e 05, editados aqui, onde colaboro na página quatro (04) de cada edição. No momento estou sem disponibilidade de tempo, e já na edição de nº 06, ref. a julho, não pude contribuir com matéria. Assim que puder, volto a integrar a equipe.

Esteve em minha casa, conforme já te confidenciei por telefone, o poeta - professor Mauro Klafke, que reside em Gramado Xavier, e é primoroso na sua construção poética, além de um belíssimo cidadão. Falei em ti e eu desejaria que o visitasses. Formaríamos um belo grupo e poderíamos vir a criar as Casas de Poetas locais ou da região. O Mauro já tem, em mãos, desde o ano passado, uma portaria da nossa Casa do Poeta Brasileiro - POEBRAS, pela qual está nomeado para criar a POEBRAS GRAMADO XAVIER.

No entanto, ele não sabe como funciona o esquema das Casas de Poetas – que tu bem conheces – já que és antigo na participação na Casa do Poeta aqui na capital, na década de oitenta, se bem que hoje andas ausente.

Estamos, hoje, com o Cafezinho Poético no Restaurante Temático “Acaso você chegasse”, que homenageia o compositor Lupicínio Rodrigues, sendo de propriedade de seu filho advogado, o Dr. Lupicínio Rodrigues Filho, que está instalado na Rua Venâncio Aires, nº 866, perto do Parque da Redenção. Todas as primeiras terças feiras de cada mês lá estão cerca de 150 pessoas, para o Cafezinho Poético.

Que tal a instigação e o desafio? Não está na hora de dares uma contribuição pessoal ao processo associativo cultural e literário? Afinal, tens bagagem! Fone do Mauro: (51) 3713.3530, ramal 1117. OK?

A Casa do Poeta Rio-Grandense completou no dia 24 de julho passado, os 37 anos de luta pela poesia e pelo associativismo. Veja o documento de nº 09. Tivemos um belo jantar com a presença de cerca de sessenta (60) pessoas, contando com nomes como Marco Aurélio Vasconcelos e Marlene Pastro, da área do nativismo, e de Perpétua Flores, gaúcha residente na capital da Argentina faz cerca de vinte e cinco anos, e que está fazendo diversas excursões de turismo cultural entre Buenos Aires e Porto Alegre, buscando integração no esquema MERCOSUL.

Temos dado força para que o tratado dos países do Cone Sul não seja apenas e unicamente norteado pelas trocas de mercadorias, negócios e serviços, onde a única alma é o miserável dinheirinho!

A propósito dos miseráveis R$, pretendo remunerar a profissional que fez o trabalho crítico sobre o teu livro infantil, a Professora Zully Oney Teijeiro, com cem reais (R$ 100,00), segundo a tabela da Associação Gaúcha de Escritores para a elaboração de prefácios, já que o trabalho feito se assemelha a este. Eu diria que uma abordagem crítica é de mais difícil elaboração.

Acaso possas, gostaria que entrasses em contato sobre a hipótese de depositar tal valor, para o devido ressarcimento. Mas não tens obrigação, já que não falamos em “money” antecipadamente. Não gosto de ficar devendo obrigação a terceiros, já que houve trabalho intelectual não diletante, o que autoriza a cobrança de honorários.

Ando louco de vontade de bater um papo, regado a um bom vinho, com esse tal de “poeta caipira”. Que tal esta, hein?

Que bom que ainda te sintas o homem escriba do Interior e que possas continuar a registrar e a delatar as suas idiossincrasias. Há tanta gente escrevendo nas cidades grandes que me parece tudo muito igual nestes tempos de consumismo e de globalização.

A posteridade talvez possa entender, pela riqueza do espólio, que a vida campesina ainda é a Floresta Encantada, onde a flor ainda pode ser colhida nos jardins do vizinho, enquanto se toma um mate-chimarrão de compadre!

Aqui na capital não há jardins suspensos, portanto não há flores, e os vizinhos são espectrais grades de segurança nas portas dos apartamentos de vizinhança inominada...

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre Prosa e Poesia. Porto Alegre, Alcance, 2008, p. 181:3.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/1111771