Qual?

Qual poeta não daria a vida para escrever em poucas linhas o que diz o teu largo sorriso?

Qual pintor pintaria outra paisagem após ver os requintes do teu corpo?

Qual astrólogo buscaria por estrelas que não tivessem o sutil brilho dos teus olhos?

Qual deles não me invejaria por saber que tenho a vida a escrever que teu sorriso é por mim, por saber que tenho o teu corpo como tela para pintar os meus mais repentinos desejos e que os teus olhos não necessitam da noite, mas sim, da minha existência para que brilhem mais.

Qual gourmet saborearia o que não fosse o deleite do teu beijo?

Qual boêmio cantaria pela madrugada afora algo que não fosse a sinfonia do teu nome?

Então, qual deles não me invejaria por saber que o teu beijo se derrete em minha boca ou que a melodia do teu nome carrega os refrões do meu.

Qual criança se acharia inocente ao te ver passar?

Qual criança não ciumaria por saber que somente eu repouso em teu colo e que tua branda inocência se encerra na minha mais viva malícia.

Qual anjo voaria depois de caminhar ao teu lado num final de tarde.

Qual chuva se lançaria ao solo depois de correr em teu corpo ou qual vento percorreria o mundo depois de soprar em teu rosto?

Qual anjo não pecaria por saber que o sol se avermelha de ciúmes por nos ver a passear de mãos dadas ao fim da tarde ou qual ventania não se veria estática por saber que dormimos de rostos colados, se até mesmo a chuva que cai, cai como lágrimas de um empíreo que chora por sua distância.

Como então não haveria de dizer-me feliz sendo que qualquer romancista dispor-se-ia a embriagar-se na deliciosa presença de teu ser.

Rogério Nolêto
Enviado por Rogério Nolêto em 30/07/2008
Código do texto: T1104224
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