Uma carta


Hoje estou lúcido
A droga acabou
Sinto como se o amanhã não existisse
Almejo tudo aquilo que todos desejam
Mas vivo nessa macula negra
Essa vontade indômita
Sobre meu corpo e minha alma
Fui um homem honesto, digno de respeito e admiração.
Mas num rasgo de loucura esbarrei com um presente
Logo ali na segunda esquina estava a droga a me esperar.
Para atender um amigo, não querendo ser indiferente.
Sentei-me na beira da calçada e o tóxico foi experimentar.
E naquele instante de alucinação senti o poder de voar.

Voei muito alto sem poder mais voltar.
Conheci a cor negra do amor, um fluxo diferente.
A solidão é minha eterna companheira
No lugar do amor coloquei o ódio
No lugar da paixão só desilusão
Hoje não sou nada, sou apenas um vagabundo.
Transformei meus sonhos em fugas
Dominado pelo vicio, perambulando por esse mundo.

Sinto falta de amor, conceito e amizade.
Do carinho de mãe que a todos os filhos consola
Sei que sou reprovado por toda sociedade.
Não sei se eu existo só sei que vivo,
em um túnel vazio escuro, sem saber
se o dia é noite ou se a noite é dia.
Agora preciso parar de escrever
Aqui a minha historia encenada
A procura do tóxico preciso correr.
Sei que fui eu mesmo o culpado desse dilema
Pois sem ela hoje não consigo mais viver
Essa é a triste e real história, escrita nesse poema.
 A vida de um drogado.

Alzira Souza
Enviado por Alzira Souza em 19/07/2008
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