Texto 1 (04/12/2002)
O dia, se assim posso chamar o dia, é a luminária que ofusca meus olhos, e não somente os olhos, que, segundo alguns, brilham com os raios solares, mas também a mente, que mente, hipócrita, porém diz que o dia é maravilhoso, aliás, tudo mentira. A mais negra das noites, e não me refiro à sua raça, e sim, à escuridão, me ilumina como se houvesse sol, e há, embora noutro extremo, todavia, destituído de olhos humanos, este sol que está logo ali, bem acima de minha cabeça, e ele brilha, aquece e me nutre de energias não visíveis, porém, palpáveis aos neurônios.
O dia, talvez preocupado com uma massa superior de humanos, quiçá inferiores aos da noite, não sabe me fazer feliz. Mancha, com tintas coloridas, de um brilho para mim sem brilho, os meus devaneios noturnos, que às vezes confundem-se com delírios, mas não, é o sol presente que atrapalha os meus planos e conduz-me a não fazer absolutamente nada daquilo que planejei.
Sou avesso aos parágrafos terminados em verbos transitivos, e também não gosto se houver intransitividade, pois o que não gosto são de verbos que finalizam frases, apenas isso. Alguém acreditaria que, durante o dia, na mais angustiante das jornadas responsáveis, eu me preocuparia com estes detalhes? Creio que não.
Alguns pássaros me anunciam que o sol está preste a aparecer no horizonte; são bons amigos esses pássaros cantores. O vampiro se despede.