CARTA AOS NOSSOS FILHOS

CARTA AOS NOSSOS FILHOS

Um dia medrarão e se hão de lembrar, ou acordar, da herança que nós forjamos.

Olharam a janela: um desenho de verdura. Os rios esgotados pretendendo morrer, de alivio, no mar. Como o mar sucumbindo devorando por centímetros uma terra que lhe afoga as ânsias de permanecer um século, mais em combate.

Um dia eles medrarão e ficaram a se perguntar: aonde foram os sonhos que constroem outros sonhos? Ou decididos a mais não se perguntar por que estamos agora no tempo da deitar outros olhos a grandeza do vazio, que herdaram sem souber, por que o presente apaga da consciência, na monótona miséria, a inércia dos vencidos .

Ainda a melhor alguém há de arriscar contemplando possível diminutas travessias, esperanças, experiências e é bem sabido que destes corações surgem a cambio os novos e vitais ciclos.

Dirão que foi no tempo em que o progresso tinha assas. Um tempo ainda anterior em que a maquina ganhara sublime importância, e ainda um pouco mais tarde em que parecia não existir um limite na abundancia dos bosques, das aves, dos lagos, da fauna.

E logo compreenderão que o ouro não compra o importante.

Ou nada se perguntaram porque agora é o tempo de tentar incorporar-se, e fica tanto por fazer, e tudo faz tanta falta que... Esquecimento!.

Tal vez ignorem que um dia decidimos dar prioridade ao momento que se instala. E aquela era a noite no escuro começo: é era preciso progredir uma grande vontade de insano desenrolo. E fomos infelizes, e tínhamos tantos projetos meritórios, como mentirosos: Os culpados sempre eram outros.

Por que tínhamos um sistema baseado na cobiça. Na rapinha, e tudo nos era pouco para entender os nossos domínios: Expandir o medo aqueles que resistem, combinando os médios para adormecer aos recém nascidos. E o controlo das mentes foi primeira proba de ser invencíveis; acreditando nunca morrer... que alivio!.

E agora olhando para estas cinzas, também acreditamos sobreviver na cara oculta das forjadas penumbras.

Nada de ressentimento.

Ninguém virá pedir culpáveis que jazem debaixo ruínas, e camada trás camada o delírio em detritos estabelece tanta profundidade como silenciar o medo que repete os mesmos juízos errados, se nos olvida, não prevalece.

Dirão que foi noutro tempo, e nunca saber hão que jogamos alquimistas, no balanço fácil dos pagos, que inflamamos capital ate engendrar luxurias erradicantes.

Será tanto queimado a tentar compor de alimento, tanto destruído a sufragar a cegas, que tal vez não tenham tempo, a se perguntar, a te perguntar com calma:

Pai, ó pai... e quem foi o que entregaram a nossa débil esperança?.