Para: a família - URGENTE
Na revista Isto É, edição 2006 de 16 de abril de 2008, saiu uma excelente matéria sobre o papel da solidariedade e integração familiar na saúde como também no equilíbrio emocional, que acaba fomentado o sucesso pessoal. O contraste das famílias que cultivam esses valores com a História da nossa é gritante. E triste.
Em minha família não houve essa integração, o desenvolvimento da confiança uns nos outros. E o fato é que há episódios lamentáveis e dramáticos ocorridos em meio a uma intensa desagregação deflagrada pela morte dos pais num intervalo menor que um ano. Na verdade, a tragédia já estava latente e a morte do casal apenas removeu os frágeis impedimentos para que se avolumasse e deflagrasse.
Ainda assim, acredito que os erros cometidos são sempre o adubo para os acertos futuros. E o caminho é a reflexão cuidadosa para conhecer o que em nós repete aqueles erros e qual o nível de defesa que temos para não repetí-los, para dissecá-los com o objetivo de exorcizá-los.
Um sintoma do que fluía nos subterrâneos de nossa vida familiar - nada específico, um sintoma comum a grande parte das famílias de meados do século passado -, era a televisão individual. Cada um tinha sua televisão, "para evitar brigas". Nesse cuidado anti-conflitos reside o efeito colateral de inibir negociações, diálogos, comunicação. É justamente na administração dos conflitos que se desenvolve a capacidade de perdoar, de restaurar afetos, de aprofundá-los e fortalecê-los.
Outro axioma muito repetido era que "empresa familiar não dá certo". São conhecidas as diversas histórias, especialmente em famílias judias, em que o enriquecimento resultou da junção dos diversos talentos familiares com o objetivo de prosperar. O esforço para a formação dos indivíduos, que é empregado pelo núcleo dos chefes da família, pai e mãe, vai se degradando sob o império do individualismo e da competição desenfreada entre os irmãos, um verdadeiro desperdício - aí estão as famílias pródigas em talentos. Como tem sido a nossa. Então os indivíduos ficam na corda bamba da frustração diante do desejo de enriquecer, sozinhos, uma tarefa terrivelmente árdua, contra a qual abundam imensas dificuldades. Olhem para o Sr. Claudino e família e vejam como funcionam juntos. Olhem para os irmãos Pacheco - Sigefredo, Ivon e Cláudio - e vejam como funcionaram juntos. Olhem para nós, e vejam como somos miseravelmente solitários, completamente vulneráveis a ser permeados por todos os influxos da desconfiança e desagregação.
É meus queridos, quem vai, finalmente, compreender o caminho para a redenção? Para evitar que isso se torne irremediável e contamine nossa descendência?