Feliz encontro

BsB, 04/06/08

Grande e dileto amigo, como vai? Há dias estou tentando lhe escrever, mas o meu tempo está cada vez mais diluído entre um “trabalho” e outro. Tenho recebido suas cartas, fico feliz em saber de suas vitórias e conquistas no mundo das artes e das letras. Novidade não trago, mas gostaria de dividir com você algumas falas que travei recentemente com minha amada. A cada dia que passa nossas conversas vão aflorando feito pegadas no chão. É como se as palavras ganhassem forma e movimento.

É incrível ouvir: “cuide de você pra mim”. Isto ela repete constantemente, quase como uma oração obrigatória. Quando segura minhas mãos sinto que seu corpo freme como um cavalo acostumado às batalhas. É como se trombetas e clarins me fizessem despertar de um sonho, de um estado de dormência em que me encontrava. Enquanto nossos corpos entregues ao devaneio se perdem como estrelas que caem da boca do rio. Meu intelecto parece não acreditar em tamanha comunhão.

Estou habituado ao trabalho, à vida cotidiana, às dores do corpo, à desordem das coisas e aos desmandos da minha mente. Mas o amor, o dengo, a preguiça, o carinho velado... Sei não!!! Estas novidades me pegaram desnudo, fizeram de mim um menino mimado... É verdade!!! Encontrei um porto em calmaria onde deixo meu corpo entregue ao ócio. O colo dela é minha cama de palha, meu divã, minha tábua de confissões. À noite sinto o cheiro de sua pele tomando conta do vão construído pelas paredes, janelas e portas do dito quarto. Pele que me enlaça e aquece quando o frio insiste em tomar conta de mim.

Meu amigo é indiscutível que ela carrega no peito o mesmo que pesa em minha alma: um exército de armas bélicas sem projétil, sem pólvora, sem registro. Armas que serão, por nós, utilizadas em momentos de angústia e tristezas, se houverem. Tenho cuidado de mim como se eu fosse um menor abandonado, tenho cuidado dela como se ela fosse a minha lua, a minha sombra, a minha coberta quadriculada nas noites frias. E viva o amor!!!

Um grande abraço.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 04/06/2008
Reeditado em 04/12/2022
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