DESPEDIDA
Neste instante onde minhas lágrimas escorrem por um vale escu-
roso ouço o som da respiração ofegante.
Meu corpo ainda doe terrivelmente, uma dor que me parece violar
minha alma.
O terror se faz presente quando fecho os olhos e posso nesta fra-
çao de tempo vivenciar cada momento de dor como se elas fossem
reais.
E um abismo de dor e abandono meu coração despedaçado, assim
como esta minha vida marcada pela desgraça.
Mesmo que eu caminhe sozinha todos os olhares parecem se voltar
em acusação para mim.
Eu pequei por acreditar em meus sonhos e permitir que eles tives-
sem asas para voarem de encontro a ilusão.
Minha sentença e esta solidão avassaladora que torna meus dias
cinzentos e sem próprio haver.
E mesmo que eu neste momento esteja sangrando nada mais impor-
ta.
Sento me no velho banco de madeira polido, contorcendo as mãos
num nervoso desvairado fitando o infinito como se de alguma manei-
ra eu pudesse fugir.
Mas não fugimos dos temores e fantasmas quando estes estão april-
sionados ao nosso espírito.
Me vejo diante da ruína segurando com agonia a areia deste senti-
mento que cai pelos vãos dos dedos sendo levados pelo vento.
O mesmo vento que me desalinha os cabelos, que carrega consigo
minha doce amarga vida.
CAMOMILLA HASSAN