Carta de Agradecimento

Nossos passos sempre percorreram caminhos distintos, embora a cumplicidade ecoasse em uníssono nos nossos percursos. Éramos tão diferentes! Não fosse apenas nossos espelhos a refletirem isto, ainda havia as vozes dos que nos conheciam, ressaltando as nossas dessemelhanças. Tu, com tua lógica, assombrando-me os olhos; eu, pétala de vento, levada pela brisa do coração, como me definias. E a despeito disto tudo, adivinhávamo-nos. Em meus silêncios tão bem interpretados por ti, ficavas a buscar em meus lábios as palavras que eu ocultava do mundo. Decifravas o meu dissimular e os tantos códigos que fui criando, enquanto tentava pintar as minhas cores na aquarela da vida.. O teu acompanhar-me, mesmo em ausências, onde sequer eu te imaginava, sempre foi a minha maior certeza. Eram teus olhares que eu encontrava em minha solidão. Sei que também assim te sentias. Pouco nos víamos, mas a convivência dos olhares, ainda que nos fizesse falta, em nada detinha a vontade que tínhamos de nos sabermos. O tempo sempre foi medida inexata para nós, porque mesmo que de ti eu me afastasse, sabias que te levava comigo.

Quero te agradecer as rosas que me enviaste hoje. Elas chegaram, trazendo o sol. Em cada pétala, senti a fragrância dos teus sorrisos. Grata por me dizeres tanto da vida e por seres este amigo de silêncios consentidos, mas de coração pulsante para alçares teus vôos e motivares os meus.

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 21/01/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T101797