A outra Face

As pessoas passavam por mim, apressadas,

Os carros cuspiam fumaça por todos os lados,

Eu podia ver ainda, crianças,

Brincando de bang-bang...

Do outro lado da rua,

Indigentes famintos, meninos de rua,

Cheirando cola,

E sem o pão, pedindo esmolas...

Marcas feridas,

Na face, lágrimas escorridas,

Falsas idéias, perspectivas,

Corações estraçalhados...

De repente um grito,

Logo, o sangue derramado,

Mais uma bala perdida,

Em algum canto da cidade...

Em cima do morro,

Mais um batalhão de choque,

Anunciando as armas bélicas,

Do lado mais forte...

Nas manchetes de jornal,

Mais uma fuga do presídio,

Uma nova rebelião,

Mais um corpo se atira do edifícil...

E a chuva continua,

Derrubando casas, destruindo pontes,

Enquanto outros assistem,

Televisão no sofá...

Enfim, na boate todos dançam,

No mar, alguns pegam onda,

É dia de compras no shopping,

É gostoso passear de Mercedes...

Enquanto um lado fede,

O outro usa shampoo...