Cartas não têm títulos
Eu quero todas e por isso não quero nenhuma. Isso é uma das formas de se conjugar o verbo querer traduzindo-se a vontade de chorar. Sabe, me linto livre e morto, me sinto ser as sensações de todas as religiões. Me sinto ser o que não cresceu e o que ainda faz as perguntas sabendo as respostas - das perguntas partidas de não-respostas. E me sinto o menino inconciente que bajulava a avó sem saber o que é o agrado e o carinho.
E a felicidade é minha vizinha sábia e egoísta e misteriosa. Uma artista plástica solteira, desorganizada e que me ataca vasos, quando mereço e quando ela ataca.
E o futuro é o homem que não quer conversa.Não conversa por impaciência. E inveja. O futuro já teve problemas com a polícia. O futuro não sabe nada sobre futurar, e é por isso que tem o cargo.
Ai que olhos gelados os meus que não me deixa... Eu pulo a cerca constantemente, a cerca da vaidade e da pena de ter pena, de não dar nome a nada. Minha memória é um cachorro velho e largado, tem o agrado dos cotidianeiros, mas não se importa.
Está frio. Sinto, com a força da imaginação, minha garganta amanhecer doída eu tossir palavras feias - bonitas.
Mas amanhã fingo um por-do-sol pela manhã e passo repelente para sentir o cheirode estar viajando. Quero uma professora de teatro, que me ensine casando-se comigo e não me deixando casar nunca mais. Quero uma professora de teatro que me mostre que eu só finjo e que.
Não quero me lembrar desta noite. Porque é como se lembrar que se masturba. Eu me masturbo. Mas não sei por que falta é, por que falta de que parte de que pedaço de nada.
Preciso de teatro. Ensinar-me a realidade do irreal.
(...)!
Vejo este papel com rascunhos de minha alma sofrendo de porta em porta como o jornal da manhã. Um imaginar que desafia o que mais sou por dentro pelo que mais sou por fora.
minha garganta ensaia a dor de amanhã. É domingo. E eu não tenho nada além de não ter desejos.
Mentira! - Favarini
Está frio.
E o frio educa a alma
e a dor exibe sua beleza
de ser dor só por fora.