Continuação...

_Ambos sim, Eu e minha pequena Andressa.
_Mas, o que deu nele? Quer dizer, me perdoe pela intromissão.
_Não, não ligue, já faz algum tempo que preciso de alguém para desabafar, e mesmo não te conhecendo, parece ser alguém de boa índole.
Naquele instante senti que poderia esperar algo mais do que um simples aceno dali em diante.
_Sim, estou te ouvindo – chegaria atrasado ao serviço com certeza, mas não me importava.
_Fabrício se foi, com uma antiga namorada de colégio. Na verdade o meu casamento nem teria acontecido se eu não houvesse engravidado. Ele não era um homem feliz; Eu sim achava que ele era, achava que o amando poderia ser amada na mesma intensidade, mas o amor não funciona assim.
Ela estava certa, o amor não funcionava daquela forma e nem tão pouco de qualquer outra que transforma uma louca paixão em um sentimento mais profundo e sensível.
O amor é pleno e brilha tal qual diamante, e reluz como o ouro, chega a ser um relicário, daqueles de preço inestimável. Poucos são os homens e as mulheres que o conhecem juntos.
Quando dei por mim, os meus mais íntimos pensamentos, calados que eram, sobrepujavam a mente e passavam ali a fazer parte da nossa conversa. Sim, falava baixo, mas em tom suficientemente alto para que Sofia ouvisse.
Enrubesci a sua frente, mas ela passou então a meolhar de forma totalmente diferente.
Olhava em meus olhos como se quisesse que Eu fosse o seu Fabrício.
Não resisti ao seu encanto e desviei o meu olhar. Olhava o chão como se houvesse ali perdido algo de muito valor.
Ela tocou em meu braço e disse:
_Bonitas as suas palavras, pena que as disse em tom tão baixinho – e sorriu – como se pensasse apenas.
Senti-me o homem mais envergonhado do mundo ao seu lado, mas ela parecia ir quebrando toda a pompa e todo aquela formalidade natural em um primeiro encontro, natural entre os casais.
E pensava que isso deveria partir de mim. Como era tolo.
_Sofia, me perdoe ser tão desajeitado, é que nunca imaginei chegar tão perto de você como estou agora.
_Mas isso é tão natural.
_Talvez para você, mas se não a tivesse visto  tãotriste, juro que não teria coragem de me aproximar.
Sem querer, talvez do nada, ela chegou mais perto e osculou-me na face.
_Tenho que ir agora. Preciso levar Andressa para a escola, a vida continua, mas amanhã, se bem que o que vou dizer agora não fazia parte dos meus planos, estarei aqui logo cedo. Gostei de conversar com você.
_Estará aqui; aqui mesmo nesta fonte?
_Sim, mas, te peço uma coisa.
_Diga, diga o que quiser.
_Não me tenha como alguém carente que você possa usar e depois abandonar. Preciso conversar com alguém. Espero sinceramente poder contar com a sua companhia. Até manhã.
Ainda fiquei sentado naquela fonte por mais alguns munutos contemplando aquela bela mulher, tão mística e sensual, a andar, como se uma fêmea felina fosse, até sumir na esquina.
Um suspiro e uma reação inesperada. Dei um tremendo salto no ar, e gritei...Com imensa felicidade.

Continua...

O Guardião
Enviado por O Guardião em 29/05/2008
Reeditado em 11/06/2008
Código do texto: T1010568