Toda saudade.

Minha saudade é o inconformismo controlado ao te ver partir; a paz inquieta da solidão. É o desprazer constante, insone; a lembrança pura de um futuro que ainda nem chegou. Uma vontade desordenada em te querer e te querer.

Meus extremos se confundem e se fundem dentro de mim. E pra tudo que eu sabia a razão, agora desconheço o que provoca o frio do meu corpo quente e descontrola os meus controles emocionais. Desconheço e nada disso me incomoda. O que me incomoda é essa ausência absurda do teu cheiro, da tua voz distante e do teu sorriso desenhado que eu não consigo esquecer. O que me incomoda é o vazio de não te ter onde nunca estiveste, de te olhar sob várias formas e te ver exatamente igual. Meu desejo não consegue não te ter por inteiro, não completar teus espaços com a minha solidão e deixar de te querer. Meu querer não te esquece em segundo algum, preso ainda ao instante que estiveste em mim, e ainda que desconheça tua metade te quero assim, sempre – até que o sempre acabe pela manhã. Quero estar nos teus fracassos e nas tuas inspirações, delineando teus desejos e desmembrando tuas vontades pra te ver dormir. Quero ser da tua história, o teu personagem, remontar teus humores breves sobre calçadas e te fazer voar. Quero parte de tudo, e te tudo ser parte pra saciar teu prazer. Enquanto for meu, o teu querer.

Ie
Enviado por Ie em 22/05/2008
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