A verdadeira história do Comendador Leguelé.
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO COMENDADOR LEGUELÉ
Para quem não conhece, informo que o Comendador Leguelé é uma personagem da ficção, um Boneco Gigante que dá nome a um dos melhores blocos carnavalescos que desfilam no bairro de Jaraguá (Maceió – Alagoas), principalmente nas prévias, que atualmente são o forte do carnaval alagoano.
Muitas pessoas que se deparam com esse nome, Comendador Leguelé, ficam curiosas, perguntam quem foi essa figura tão importante, de onde ele é, em que época viveu... São inúmeras as perguntas. Já criaram até diversas histórias para explicar a vida deste "enorme" protagonista do nosso carnaval!
A verdade é que o Comendador já se transformou em uma lenda, e como toda lenda, é objeto das mais estapafúrdias e criativas histórias sobre a sua origem!
Para contar a vocês a verdadeira história do Comendador Leguelé, terei que voltar no tempo, voltar aproximadamente vinte e sete anos. Lá pelos idos de 1980 – 1981, eu, Alberto Lins, estudava na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas. Durante os três primeiros períodos do curso, tínhamos aulas juntamente com a turma de Medicina no CCBi , ali na Praça da Faculdade.
Com esse convívio diário, nasceram as afinidades entre os alunos dos diversos cursos. Afinidades para os grupos de estudo; para os grupos de farra na porta da faculdade, e também para os grupos de desportistas, mais especialmente, de peladeiros de futebol.
Pouco tempo depois de termos entrado na Universidade, cada curso já tinha o seu time de futebol. Fazíamos jogos entre cursos nos campinhos de barro da Praia de Pajuçara. Geralmente esses jogos aconteciam à noite, em dias de semana, e sempre terminavam com placares elásticos: 6 a 6; 7 a 5; 4 a 4. Era uma festa tanto dentro de campo, quanto fora dele, pois, as meninas de cada curso acompanhavam seus "heróis", torcendo por eles nessas incursões futebolísticas. Que integração!
Como acontece nos colégios, na faculdade cada aluno ganha logo um apelido, e na nossa turma não foi diferente. Tínhamos o Sagüi de amêndoa; o Orelha de pau; o Casca de jaca; o Capitão gay; o Rato; e assim por diante. Eu, que já tinha dezenas de apelido tais como: Girafa; Tira coco sem vara; Salário de fome; Coqueiro; Pé de anjo; Pé de meia; Quartinha e tantos outros, ganhei mais um, e este, sem que eu soubesse, me acompanharia pelo resto da minha vida!
Acontece que aqui em Maceió havia um jogador profissional de futebol chamado Alberto Leguelé. Ele tinha vindo da Bahia e jogava no CSA. Um amigo nosso que cursava Nutrição, o Alex (Lequinha), que também era jogador profissional e jogou em vários times alagoanos, bem como no Náutico de Recife, muitas vezes batia bola conosco, e começou a me chamar de Alberto Leguelé. Era Leguelé pra cá, Leguelé pra lá, e o apelido foi pegando e foi ficando! Eu que já tinha um verdadeiro rosário de apelidos, ganhei mais esse, e o carrego até hoje!
Formei-me em Odontologia no ano de 1983, e no ano de 2000 recebi uma correspondência enviada pela Sociedade Cívica Cultural Brasileira, que me informava que eu teria sido agraciado com uma comenda.
Essa sociedade sediada em Itapema – SC, promovia uma campanha intitulada "Campanha de Valorização à Cidadania na Saúde / Projeto ano 2000 – Mais amor, menos drogas – Mais vida, menos AIDS".
Telefonei para o número informado na correspondência, para me informar do que se tratava, o porquê da minha escolha, quem havia me indicado para receber tal homenagem. Uma senhora que me atendeu explicou-me que a Sociedade Cívica Cultural Brasileira premiava com a Comenda "Medalha Albert Sabin", anualmente, trinta profissionais da área de saúde em todo Brasil, e que esses profissionais eram indicados por outros profissionais da área e por pessoas de reconhecida importância em cada Estado. Esse prêmio era dado às pessoas que haviam se destacado em suas profissões e por terem sido "altamente referendados e reconhecidos pelos seus méritos e alta conduta profissional, pela sua preocupação com a vida, a dignidade, o respeito e a verdade, lealdade e princípios ético-morais". Estas palavras estavam escritas na correspondência que eu havia recebido.
Me disse ainda, a Presidenta da sociedade, que eu não poderia saber quem havia me indicado, pois, essas indicações eram feitas por membros da sociedade que não queriam ou não precisavam ter seus nomes divulgados.
Fui informado também, que a entrega da Comenda se daria em uma solenidade oficial no Hotel Nacional no Rio de Janeiro, e que eu teria que confirmar a minha presença, além de contribuir com uma quantia para custear as despesas com a solenidade, confecção da medalha, publicação em Diário Oficial, etc. Se eu quisesse, poderia receber em casa, pelos Correios, e o custo seria reduzido.
Para ser bem franco, fiquei muito envaidecido com a possibilidade de receber aquela homenagem. Fiquei mesmo tentado a enviar o dinheiro! Não o enviei porquê faria muita falta, e as minhas necessidades eram maiores que as minhas vaidades!
Nos anos 90, ninguém queria atender pacientes que tinham a Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (SIDA), ou em inglês, AIDS. Se o paciente informava ao médico ou dentista, que era portador dessa doença, era logo dispensado sob o pretexto de que não estava capacitado para atendê-lo, e muitas vezes dizia mesmo que se os outros pacientes tomassem conhecimento, seus consultórios ficariam às moscas!
Não é querendo me gabar nem dizer que sou melhor do que ninguém, mas, os pacientes que me procuraram e me informaram que eram portadores da síndrome, foram atendidos e tratados com todo respeito e dignidade que mereciam.
Foram poucos os que vieram indicados por médicos ou por conta própria. Com certeza, atendi muitos outros que não me informaram sobre seu estado de saúde, e outros tantos que nem sabiam que estavam infectados! A verdade é que nunca fiz distinção entre esses pacientes e os outros. Apenas tomava todos os cuidados possíveis, sempre explicando a eles que as precauções que eu tomava, não eram uma forma de discriminá-los, mas, de proteger a mim e aos outros pacientes.
Desconfio que a indicação para receber a Comenda, se é que ela existiu, foi de algum desses pacientes.
A verdade é que eu não quis receber a Comenda "Medalha Albert Sabin". Até hoje, não sei se realmente haveria tal premiação!
Acontece que eu, nascido no bairro de Jaraguá, em pleno carnaval, sob a égide do signo de aquário, não poderia deixar passar em branco essa oportunidade! Não fui receber o prêmio, mas resolvi assumir o título de COMENDADOR, e no ano de 2001, após o carnaval, na residência de minha irmã Ivana e de meu cunhado Filipe, comemorando o aniversário de meu sobrinho Thiago, comuniquei a todos os presentes a intensão de criar um bloco carnavalesco, e que na noite anterior já havia até desenhado um esboço do estandarte do bloco, que teria a sigla A.C.C.L, que significava Agremiação Carnavalesca Comendador Leguelé.
Como a turma já estava toda animada, tanto pelo clima momesco, quanto pelas cervejas tomadas, a idéia foi logo aceita, e ali mesmo, foi formada a diretoria do bloco! Estava fundada então, no dia 04 de março de 2001, a Agremiação Carnavalesca Comendador Leguelé, mais conhecida como Bloco Comendador Leguelé, ou, para os íntimos, o Leguelé!
Daquele dia até hoje, muitos carnavais,desfiles, confetes, serpentinas, alegria e muita paixão pelo bloco!
O Leguelé hoje tem vida própria. A criatura superou o criador!
Esta é a verdadeira história dessa figura carismática do carnaval alagoano!
Alberto jorge C.Lins 06/02/2008
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO COMENDADOR LEGUELÉ
Para quem não conhece, informo que o Comendador Leguelé é uma personagem da ficção, um Boneco Gigante que dá nome a um dos melhores blocos carnavalescos que desfilam no bairro de Jaraguá (Maceió – Alagoas), principalmente nas prévias, que atualmente são o forte do carnaval alagoano.
Muitas pessoas que se deparam com esse nome, Comendador Leguelé, ficam curiosas, perguntam quem foi essa figura tão importante, de onde ele é, em que época viveu... São inúmeras as perguntas. Já criaram até diversas histórias para explicar a vida deste "enorme" protagonista do nosso carnaval!
A verdade é que o Comendador já se transformou em uma lenda, e como toda lenda, é objeto das mais estapafúrdias e criativas histórias sobre a sua origem!
Para contar a vocês a verdadeira história do Comendador Leguelé, terei que voltar no tempo, voltar aproximadamente vinte e sete anos. Lá pelos idos de 1980 – 1981, eu, Alberto Lins, estudava na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas. Durante os três primeiros períodos do curso, tínhamos aulas juntamente com a turma de Medicina no CCBi , ali na Praça da Faculdade.
Com esse convívio diário, nasceram as afinidades entre os alunos dos diversos cursos. Afinidades para os grupos de estudo; para os grupos de farra na porta da faculdade, e também para os grupos de desportistas, mais especialmente, de peladeiros de futebol.
Pouco tempo depois de termos entrado na Universidade, cada curso já tinha o seu time de futebol. Fazíamos jogos entre cursos nos campinhos de barro da Praia de Pajuçara. Geralmente esses jogos aconteciam à noite, em dias de semana, e sempre terminavam com placares elásticos: 6 a 6; 7 a 5; 4 a 4. Era uma festa tanto dentro de campo, quanto fora dele, pois, as meninas de cada curso acompanhavam seus "heróis", torcendo por eles nessas incursões futebolísticas. Que integração!
Como acontece nos colégios, na faculdade cada aluno ganha logo um apelido, e na nossa turma não foi diferente. Tínhamos o Sagüi de amêndoa; o Orelha de pau; o Casca de jaca; o Capitão gay; o Rato; e assim por diante. Eu, que já tinha dezenas de apelido tais como: Girafa; Tira coco sem vara; Salário de fome; Coqueiro; Pé de anjo; Pé de meia; Quartinha e tantos outros, ganhei mais um, e este, sem que eu soubesse, me acompanharia pelo resto da minha vida!
Acontece que aqui em Maceió havia um jogador profissional de futebol chamado Alberto Leguelé. Ele tinha vindo da Bahia e jogava no CSA. Um amigo nosso que cursava Nutrição, o Alex (Lequinha), que também era jogador profissional e jogou em vários times alagoanos, bem como no Náutico de Recife, muitas vezes batia bola conosco, e começou a me chamar de Alberto Leguelé. Era Leguelé pra cá, Leguelé pra lá, e o apelido foi pegando e foi ficando! Eu que já tinha um verdadeiro rosário de apelidos, ganhei mais esse, e o carrego até hoje!
Formei-me em Odontologia no ano de 1983, e no ano de 2000 recebi uma correspondência enviada pela Sociedade Cívica Cultural Brasileira, que me informava que eu teria sido agraciado com uma comenda.
Essa sociedade sediada em Itapema – SC, promovia uma campanha intitulada "Campanha de Valorização à Cidadania na Saúde / Projeto ano 2000 – Mais amor, menos drogas – Mais vida, menos AIDS".
Telefonei para o número informado na correspondência, para me informar do que se tratava, o porquê da minha escolha, quem havia me indicado para receber tal homenagem. Uma senhora que me atendeu explicou-me que a Sociedade Cívica Cultural Brasileira premiava com a Comenda "Medalha Albert Sabin", anualmente, trinta profissionais da área de saúde em todo Brasil, e que esses profissionais eram indicados por outros profissionais da área e por pessoas de reconhecida importância em cada Estado. Esse prêmio era dado às pessoas que haviam se destacado em suas profissões e por terem sido "altamente referendados e reconhecidos pelos seus méritos e alta conduta profissional, pela sua preocupação com a vida, a dignidade, o respeito e a verdade, lealdade e princípios ético-morais". Estas palavras estavam escritas na correspondência que eu havia recebido.
Me disse ainda, a Presidenta da sociedade, que eu não poderia saber quem havia me indicado, pois, essas indicações eram feitas por membros da sociedade que não queriam ou não precisavam ter seus nomes divulgados.
Fui informado também, que a entrega da Comenda se daria em uma solenidade oficial no Hotel Nacional no Rio de Janeiro, e que eu teria que confirmar a minha presença, além de contribuir com uma quantia para custear as despesas com a solenidade, confecção da medalha, publicação em Diário Oficial, etc. Se eu quisesse, poderia receber em casa, pelos Correios, e o custo seria reduzido.
Para ser bem franco, fiquei muito envaidecido com a possibilidade de receber aquela homenagem. Fiquei mesmo tentado a enviar o dinheiro! Não o enviei porquê faria muita falta, e as minhas necessidades eram maiores que as minhas vaidades!
Nos anos 90, ninguém queria atender pacientes que tinham a Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (SIDA), ou em inglês, AIDS. Se o paciente informava ao médico ou dentista, que era portador dessa doença, era logo dispensado sob o pretexto de que não estava capacitado para atendê-lo, e muitas vezes dizia mesmo que se os outros pacientes tomassem conhecimento, seus consultórios ficariam às moscas!
Não é querendo me gabar nem dizer que sou melhor do que ninguém, mas, os pacientes que me procuraram e me informaram que eram portadores da síndrome, foram atendidos e tratados com todo respeito e dignidade que mereciam.
Foram poucos os que vieram indicados por médicos ou por conta própria. Com certeza, atendi muitos outros que não me informaram sobre seu estado de saúde, e outros tantos que nem sabiam que estavam infectados! A verdade é que nunca fiz distinção entre esses pacientes e os outros. Apenas tomava todos os cuidados possíveis, sempre explicando a eles que as precauções que eu tomava, não eram uma forma de discriminá-los, mas, de proteger a mim e aos outros pacientes.
Desconfio que a indicação para receber a Comenda, se é que ela existiu, foi de algum desses pacientes.
A verdade é que eu não quis receber a Comenda "Medalha Albert Sabin". Até hoje, não sei se realmente haveria tal premiação!
Acontece que eu, nascido no bairro de Jaraguá, em pleno carnaval, sob a égide do signo de aquário, não poderia deixar passar em branco essa oportunidade! Não fui receber o prêmio, mas resolvi assumir o título de COMENDADOR, e no ano de 2001, após o carnaval, na residência de minha irmã Ivana e de meu cunhado Filipe, comemorando o aniversário de meu sobrinho Thiago, comuniquei a todos os presentes a intensão de criar um bloco carnavalesco, e que na noite anterior já havia até desenhado um esboço do estandarte do bloco, que teria a sigla A.C.C.L, que significava Agremiação Carnavalesca Comendador Leguelé.
Como a turma já estava toda animada, tanto pelo clima momesco, quanto pelas cervejas tomadas, a idéia foi logo aceita, e ali mesmo, foi formada a diretoria do bloco! Estava fundada então, no dia 04 de março de 2001, a Agremiação Carnavalesca Comendador Leguelé, mais conhecida como Bloco Comendador Leguelé, ou, para os íntimos, o Leguelé!
Daquele dia até hoje, muitos carnavais,desfiles, confetes, serpentinas, alegria e muita paixão pelo bloco!
O Leguelé hoje tem vida própria. A criatura superou o criador!
Esta é a verdadeira história dessa figura carismática do carnaval alagoano!
Alberto jorge C.Lins 06/02/2008