CENTENÁRIO DO PASTOR ALFREDO MACIEL

Alfredo nasceu em Natal, há 100 anos, no Dia da Árvore. Veio de família pobre. Dos 10 filhos, ele foi um dos quatro que sobreviveu. Já dizia Euclides da Cunha: “o nordestino é, antes de tudo, um forte”. Enfrentou o trabalho desde cedo. Nunca soube o que era desfrutar umas férias.

Começou como um simples empregado de balcão de loja de peças para automóveis em Natal - RN. Na hora oportuna veio morar em Recife, para gerenciar uma filial dessa empresa. Já era casado e tinha dois filhos. Depois que morava em Recife, nasceram os demais. Depois tornou-se sócio de um amigo, Othon, e partiu para o seu próprio negócio, a firma Oliveira Maciel. Deu emprego a muitos, foi próspero e tinha prestígio no meio comercial da Rua da Palma.

Evangélico desde a mocidade, sempre ocupou posição de liderança no meio evangélico, não somente em Natal, como no Recife e em todo o Nordeste. Foi um baluarte da Igreja Presbiteriana Independente nesta cidade, tendo participado ativamente da sua estruturação e crescimento. Acostumado sempre com muitas atividades, antes de ordenado ao pastorado, participou dos Gideões Internacionais, foi tesoureiro do Hospital Evangélico, da Associação Comercial, do Rotary Club entre outras.

Apesar de ser um próspero comerciante de peças de automóveis, isso não o satisfazia. Tinha uma chamada de Deus para um ministério específico de pastor de almas. Exerceu com fidelidade o pastorado durante 30 anos, seja na 1ª IPI em Casa Amarela como na 3ª IPI em Macaxeira, da qual foi o fundador. Transitava bem nas diversas denominações evangélicas desde as pentecostais aos episcopais, dos batistas renovados aos tradicionais, do O Brasil para Cristo aos congregacionais. Muitas pessoas aceitaram a Cristo através da sua pregação. Vários destes, hoje são pastores e missionários em nosso país.

Sentiu na pele na infância, o que era a pobreza. Quando tinha mais recursos financeiros, nunca deixou de contribuir para aqueles que o pediam. Fundou trabalhos na área social no bairro da Macaxeira, inclusive na atividade escolar, começando nas instalações da Igreja uma escolinha que veio a se tornar depois, a Escola Municipal Nadir Colaço, hoje administrada pela Prefeitura. Anos atrás essa Escola criou uma Biblioteca com o seu nome. “O que pode ser mais hospitaleiro do que criar uma escola, que vai ajudar de maneira bastante significativa tantas crianças diferentes, que nunca o viram, que não o conheceram e que nem sequer pisaram na sua igreja. Ajudar, sem olhar a quem.” Escrito por seu neto, Alfredo Cesar, no prefácio do livro Meu pai, meu exemplo.

Com seu espírito brincalhão e comunicativo, era uma presença marcante onde andava. Fez muitos amigos por esse Brasil afora. Bastante hospitaleiro, sua casa estava sempre cheia. Hospedou muitos e sempre trazia alguém para fazer as refeições em casa.

Sempre bom filho, nunca deixou a sua mãe desamparada, cuidando da mesma até a sua chamada em 1975. Quantas vezes, ia com a família de Recife para Natal, só para visitar sua mãe.

Sempre foi exemplo de pai. Seu grande sonho foi realizado, vendo todos os seus filhos fazerem faculdade. Sempre estimulava a leitura e o crescimento cultural dos filhos. Incentivava seus filhos nos estudos, colocava-os em bons colégios, dando sempre reforço positivo. Não era de dar bronca, mas era um exemplo em tudo o que fazia.

Marido fiel, foi companhia sempre presente ao lado da sua esposa. Juntos construíram o patrimônio pessoal, que é a nossa família. Sua esposa Francisca, faleceu em 2024, vinte e cinco anos e um dia após a partida dele.

Sempre desprendido em relação a dinheiro, ajudou financeiramente pessoas e instituições, tanto aqui como em outros estados.

Parafraseando o profeta Jeremias, o pastor Alfredo Maciel foi como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, porque as suas folhas permanecem verdes. Seus frutos foram visíveis e perpassam para a eternidade.

Carlos Alfredo Melo