Biografia - Walker Luna

"A vida é íngrime e imprevisível, somente os fortes sobrevivem" (Rilvan Santana)

 

Walker Luna – poeta. itabunense

 

Natural de Itabuna (BA), Nascido em Itabuna, em 6 de agosto de 1925 / Faleceu em 3 de julho de 2007, em Jundiaí, São Paulo (SP).

 

Walker Luna - Walker Luna escreveu pouco, a exemplo de Castro Alves, Álvares de Azevedo, Firmino Rocha, Valdelice Pinheiro e Helena Borborema. Os seus livros: Estes seres de mim (1969), Companheiro (1979), Estação dos pés (1983) e Um ângulo entre montanhas (1985) e Na condição de Existir são no dizer de Telmo Padilha: “... de elaboradíssima tessitura, são personalíssimos e possuem uma ductilidade rara entre os seus companheiros”.

     Homem arredio, antissocial, sofrido, se preocupava mais com a qualidade de sua poesia do que quantidade de editoração, ele mereceu de Assis Brasil e de seu conterrâneo Cyro de Mattos, sinceros elogios, para Cyro de Mattos, a poesia de Walker Luna “possui homogeneidade temática e formal, seus poemas interligam-se por um fio narrativo, um complementando o outro, atingindo níveis vertiginosos, compartilhando perplexidade, angústias, emoção que vibra o ontem e o hoje em sua dicção solitárias, ao mesmo tempo em que mistifica imagens.”

     Nascido em Itabuna, em 6 de agosto de 1925 / Faleceu em 3 de julho de 2007, em Jundiaí, São Paulo. Ele começou o curso primário com Dona Etelvina de Andrade e o terminou no Colégio Belfor Saraiva, aos 14 anos, mudou-se para Salvador e concluiu o curso secundário na colégio do professor Hugo Baltazar. Conta-se que não fez curso superior e aos 19 anos radicou-se no Rio de Janeiro, onde começou publicar suas poesias.

     “A cidade perdida” além de correção de técnica e forma, o poeta expressa sensibilidade nostálgica, não reconhece mais a cidade pura de outrora, que nasceu e viveu parte de sua adolescência. Agora, atingida pelos fumos de desenvolvimento e progresso: “Insatisfeita subiu”. As imagens do passado não são mais as mesmas... O rio, o céu e os jardins perderam os seus encantos ou foi ele que perdeu o encanto do olhar. Hoje, a cidade só pensa em crescer e tudo ocorreu sob a ação inflexível do tempo, então, o poeta descobre que a Itabuna de outrora não mais existe: ”É só pensamento, minha cidade de outrora”.

     Hoje, estou convencido que Walker Luna alçou voos tão alto na poesia quanto Machado de Assis na prosa, por isto, eu o aceitei como meu patrono!...

 

Pais: Ignorados.

Família: Walker Luna

 

Histórico Escolar: curso primário com Dona Etelvina de Andrade e o terminou no Colégio Belfor Saraiva, aos 14 anos, mudou-se para Salvador e concluiu o curso secundário na colégio do professor Hugo Baltazar.

 

Produção Literária:

Livros Romances: Estes seres de mim (1969), Companheiro (1979), Estação dos pés (1983) e Um ângulo entre montanhas (1985) e Na condição de Existir.

 

Fatos e curiosidades relevantes: A fundação da ALITA e a minha posse como acadêmico fundador, na cadeira nº. 09, Patrono Walker Luna.

 

Att.: Os textos abaixo, foram redigidos na primeira pessoa, pois trata-se de uma transcrição de 02 artigos de minha autoria e são curiosidades biográficas.

 

Considerações sobre Walker Luna (Patrono): Nunca havia lido uma linha sobre Walker Luna, não conhecia sua obra, não sabia se ele era autor de prosa ou poesia, ou, ambos, eu não sabia se ele havia nascido na Bahia, no Pará, ou, na Cochinchina, mas não manifestei a minha ignorância aos demais confrades, resignei-me com o ensinamento de Paulo Freire: “Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa, todos nós ignoramos alguma coisa”. Voltei para casa e consultei o “Google”, o pai dos burros e não o “Aurélio”, mas não encontrei nada ou quase nada de Walker Luna, agora, meu patrono.

     Recorri aos amigos, Antônio Lopes e Eglê, eles enviaram por e-mail algum material, porém, incipiente para o resumo biográfico do patrono, um mês depois, recebi um e-mail do filho de Walker Luna, através do presidente Marcos Bandeira, parabenizando-me pela homenagem que tinha prestado ao seu pai, com a promessa de disponibilizar o material necessário para se elaborar uma descrição mais completa e colocá-la no quadro de patrono, infelizmente, foi tudo.

 

     Não obstante a escassez de referências bibliográficas do poeta itabunense, sua falta de raízes da região do cacau, faz-se necessário transcrever (abaixo), na íntegra, o seu poema “A cidade Perdida”, extraída do livro: “Um ângulo entre montanhas, ano 1985”, quando o poeta retorna para sua terra natal.

 

A CIDADE PERDIDA - Walker Luna

Minha cidade estendeu-se / Alargou suas redondezas / Multiplicada em distância / Insatisfeita / Subiu / Buscando mais horizontes / e perdeu-se dentro dela / Volto hoje a procurá-la / Transfiguraram-se os jardins / E os encantos do seu rio / Tomaram novas feições / Até o céu era outro / ou eram outros os meus olhos? Sob a ação de tanto tempo / Anoiteceu em si mesma / E confundiu seus vestígios Entre as formas De mais gritos / Agora / É só pensamento / - minha cidade de outrora.

 

     Neste poema “A CIDADE PERDIDA”, Walker Luna fala de uma cidade que não existe mais, ela “alargou as redondezas”, os jardins não são os mesmos, o rio não é mais despoluído e cristalino, “até o céu era outro”, enfim, a cidade de outrora é outra que só existe no pensamento.

     Este poema desperta a consciência do homem que as coisas e o mundo vivem em mudança permanente. O pai da dialética, Heráclito de Éfeso, dizia: “...Ninguém entra num mesmo rio pela segunda vez”, ou seja, tudo vive em eterna mudança, a lei do movimento permanente.

     As cidades têm essa característica quanto mais antiga, mais elas se renovam, diferente do ser humano que envelhece e caminha para decrepitude ao longo dos anos. Alguém que deixa uma cidade bucólica, singela, pura, ingênua, depois de muitos anos, depois que a retorna, encontra um mundo diferente: mais desenvolvida, transformada, porém, menos humana.

     O homem por natureza, ele gosta da vida simples, do campo, da natureza, curtir o canto dos passarinhos, apreciar o crepúsculo matutino e o crepúsculo vespertino, o desabrochar da flor, tomar banho no rio cristalino e à noite dormir numa rede no alpendre da casa.

     O homem não nasceu para estresse da cidade grande, corre-corre, grande afã, horário apertado, compromisso mais compromisso, mas, ele nasceu pra ser cúmplice da natureza, quanto mais se distancia da natureza, mais infeliz e menos favorecido da vida.

     É sabido que Walker Luna morou muito tempo na cidade grande e quando voltou para sua terra surpreendeu-se que aqui como lá, as mazelas eram as mesmas, não existia a cidade campesina que deixou, o progresso e a civilização tinham transformado os costumes, a cultura e a cidade.

     O seu poema, “A cidade perdida”, expressa esse sentimento de desilusão de uma cidade que não mais existe.

 

CONCLUSÃO:

     “O poeta sabe que, mesmo quando protesta na coerência falha dos mortais, / num aprendizado duro e sem termo / na convergência de todo extravio, procede nas dobras do pensamento secreto e puro. Custa saber que na alquimia obscura da existência há o risco e o transe que são expostos através de situações estranhas, em um ritmo secreto de contágio e fogo, numa canção onde as constantes influências tocam-se nos extremos. Elabora seu enigma feito de abismos. Emotivo sem ser lamurioso, porque consciente de que poesia é coisa séria, destituída de desabafos ingênuos, reflexivo, mas não conceitual no sentido estéril, a poesia de Walker Luna resulta de uma experiência humana de natureza crítica do homem solitário. Cercado de sombras, indagações, fugas, depressões. Seus versos queimam como fogo, sinalizam verdades na lucidez no sonho” (Referência: Mattos, Cyro, Revista Prosa Verso e Arte)

 

Rilvan Batista de Santana, membro da Academia de Letras de Itabuna – ALITA (Cadeira nº. 09, Patrono Walker Luna), São Caetano, Itabuna (BA)