MARIA JOSÉ DA SILVA

Sou Maria José da Silva, brasileira, nascida em 11 de março de 1948. Sou filha de pais nordestinos com muita honra: Antônio Alves da Silva e Almira Dias da Silva. Morei no sítio Barros Brancos, município de Jardim do Seridó-RN até meus 13 anos. Vim morar na cidade em 1961 com meus irmãos Beatriz e Neneco. Nela permaneci morando na rua Florentino Cunha, número 641 até meus 23 anos de idade. Nesta rua tive muitos amiguinhos: Nicinha, Omar, Josetilda, Jotilde, Lilice, Auxiliadora e Luzia de Golinha. Estes, foram os meus melhores amiguinhos na vizinhança. Minha primeira costureira foi Otilda, mãe de Nicinha e os seus irmãos. Ela fez muitos vestidos lindos para mim. Ainda me lembro de alguns. Também lembro das noites em que brinquei muito com os meus amiguinhos pelas calçadas ao lado do Hospital Dr. Rui Mariz. Quando cheguei a cidade em 1961, fui matriculada na escola particular de D, Zenóbia para me preparar para fazer o admissão ao ginásio. Em 1962 fiz a 4ª série com a professora Lourdes Azevedo, no grupo escolar Antônio de Azevedo. Em 1963 já cursava o Ginásio Normal, concluindo-o em 1966. Não compareci ao baile de formatura porque estava em Natal com minha mãe doente. A festa foi linda! Todas as alunas estavam com vestidos coloridos em cores padronizadas e escolhidas em reunião: azul, róseo, verde etc. Maria Edite foi a madrinha da turma. Em 1967 fizemos o concurso de professora e em 27 de junho desse mesmo ano já era nomeada professora. A escola José Luiz foi a primeira escola em que lecionei com as professoras Almira ( minha irmã) e Lígia. Eu cheguei para substituir Janete de Pijoca (primeira professora dessa escola) quando ela foi transferida para o grupo Antônio de Azevedo. Depois de uns dois anos também fui transferida também para a escola Antônio de Azevedo que já funcionava nas novas instalações próximo ao mercado. Também ministrei algumas aulas no Ginásio Comercial Jesuíno Azevedo. No ano de 1967 já passei a estudar o curso pedagógico em Caicó concluindo-o em 1969. No ano de 1971, quando já tinha 23 anos, vim morar em Natal com meus pais e irmãos mais novos, Joãozinho e Lourdinha, na rua Clementino Câmara 228 B. Vermelho. No ano de 1975 fiz vestibular e já dei início aos meus estudos em Pedagogia na faculdade UFRN. Nesse ano ainda exercia as atividades educacionais como Orientadora Educacional na escola Luiz Antônio em Candelária, próximo a minha casa. Foi nesse mesmo ano que conheci Ramilson quando estudava no cursinho Ferro Cardoso. Após três anos em 07.01.1978 me casei e até hoje moro na mesma casa na rua Villa Lobos 3413 em Candelária. No ano de 1982 fui trabalhar no Colégio Imaculada Conceição como Orientadora Educacional e ainda continuava a trabalhar no estado como OE. Nos últimos anos, antes de me aposentar, trabalhava nos três expedientes. Em 1999 me aposentava do Estado e continuei trabalhando no Colégio Imaculada Conceição até o ano 2006 quando me aposentei. Hoje, sou aposentada e não tenho nada o que reclamar da minha vida profissional. Gostei muito do que fiz. Passei todos esses anos ao lado de pessoas queridas que me proporcionaram momentos de muita alegria. Não vou nomear essas pessoas, mas considero todas elas muito importante em minha vida. Sei um pouco de informática porque sempre fui muito curiosa. Tudo que sei, aprendi com muita força de vontade e com a ajuda dos bons amigos. Gosto de mexer com fotos e adoro tirar fotografias dos momentos em família. Fiz alguns sites para divulgar um pouco da minha história. Alguns deles já foram excluídos dos domínios na Net. Tenho bons amigos virtuais e com eles aprendi muitas coisas voltadas para o ramo da informática como sejam: aprendi a fazer e-book digital com um amigo Pinhal de Portugal, editar fotos participando com muitas amigas nos grupos online de PSP e Photo Filtre, especialmente, Josevânia de Goiás, Arany do RJ, Marli, de São Paulo. Aprendi também a criar blogs com muitas pessoas que muito me auxiliaram, principalmente meus colegas de trabalho, funcionários do CIC: Wildson, (Aluno) Edilza, Marcelo, Sandro, Sandra e outras pessoas.

Para quem me conhece e muito me ajudou, deixo um grande abraço e para quem me deseja conhecer os votos de confiança para o início de uma boa amizade.

Fui uma criança do interior, de família humilde, morando no sítio União, numa distância de uma légua e meia da cidade Jardim do Seridó. Era um cantinho acolhedor! Vinha a pé do sítio para a cidade. No sítio tinha de tudo que uma sertaneja poderia ter: Família boa, trabalhadora, exemplar, religiosa e unida. Tinha também ao lado da nossa casa um salão onde funcionava a escola onde Almira (minha irmã) me ensinou até o 3º ano. Era um salão bem grande com uma porta e duas janelas. Nele, Almira ensinou também aos meus irmãos e outras crianças das proximidades. Tinha alunos de todas as series até o 4º ano primário. Quando criança, tive brinquedos feitos com objetos da própria natureza Ex: gado de osso, cavalo de pau, bonecas de sabugo e de pano etc. Brinquei muito com peteca, bonecas de sabugo, cavalo de pau, esconde-esconde, tica-tica, bi loca, academia e casinhas de bonecas onde fazíamos até comidinhas. Essas casinhas ficavam embaixo de um PEREIRO BEM GRANDE próximo a nossa casa. Não tinha inveja de nada, tudo me deixava muito feliz. Eu e meus irmãos: João, Docéu, Maria e Lourdes fomos os que mais brincamos com esses brinquedos caseiros. Para ninguém mexer nos mesmos, os escondíamos em galhos bem altos do pé de Pereiro. Zé de Tói, nosso sobrinho, sabia fazer carrinhos de madeira e muito nos fez feliz.

Fui uma criança muito forte em muitos aspectos: saudável, inteligente e de muita força de vontade e humildade. Eu tinha muitas amizades no sítio, as minhas priminhas eram as mais cobiçadas.

Vivenciei muitas passagens na vida em comum junto aos pais e irmãos. Os piores momentos foram vividos nos anos de seca no sertão em que se fazia de tudo para sobrevivermos. Para alimentar o gado se assava xique-xique, água potável para se beber, tínhamos de nos deslocar até o açude de Zé da Costa que ficava um pouco distante ou se cavava cacimbas muito profundas no rio. As roupas também eram lavadas nesse mesmo açude. Lembro-me de ter ido lá muitas vezes fazendo companhia para as minhas irmãs mais velhas.

Mesmo com essas adversidades, tínhamos muita união em família e nada era obstáculo para vivermos bem. Todas as noites rezávamos um terço em família. Meus pais faziam questão de repassarem aos filhos os ensinamentos morais e religiosos. Por isso somos uma família unida e de bom caráter.

Nos tempos chuvosos era uma festa no sítio Barros Brancos. Sempre que chovia tomávamos banho nas goteiras de casa, nos riachos, rios, barreiros, açudes etc. Nesta época tudo era mais fácil. A roupa era lavada no Riacho do Queijo e nele sempre tomávamos um bom banho. Fui muitas vezes nesse riacho em companhia de minha mãe ou minhas irmãs para lavar roupa. Certo vez Tereza já com 14 anos estava próximo ao riacho comigo e Lourdinha quando uma das vacas de tio Nozinho de nome Marrequinha, (vaca muito brava) fez carreira para nos pegar. Foi aí que Tereza, sem imaginar o perigo, nos colocou em cima de uma faveleira para nos proteger. De tanto aperreio nessa hora, Lourdinha que tinha 2 anos de idade ficou com a cabeça toda ensanguentada com as furadas que sofreu. Eu, com 4 anos, me livrei das furadas e Tereza foi a última a subir na fave leira. Foi assim que pudemos nos livrar dessa vaca feroz. Certa vez mamãe foi comigo lavar roupas e quando voltávamos mamãe trazia uma bacia com roupas muito pesadas e precisou descansar um pouco em casa de Almira. Não sei das vezes que fui com meu pai semear as sementes de milho ou feijão quando ele cavava as covas do plantio. Muitos dos alimentos necessários à família, eram colhidos nas lavouras e plantações: leite, ovos, coalhada, queijo, feijão, milho, batata doce, macaxeira, laranjas, mangas, pinha, coco, carnes de galinha, preá, arribaçã, porco, vaca etc. Sempre no São João colhíamos feijão e milho verde e fazíamos canjicas, milho assado ou cozido, pamonhas etc. Meus pais faziam um dos melhores queijos e manteigas do sertão. Eu adorava comer a rapa do tacho. Tudo era muito simples, mas tinha um gostinho bom.

O plantio do algodão Mocó era feito no roçado e na Caatinga da Anja, que ficou sendo chamada por nós de Caatinga D’ANJA. Esse plantio tinha por objetivo favorecer uma boa colheita. Essa colheita era feita com a participação de papai e meus irmãos. Irene era quem mais apanhava o algodão. Ainda me vem as lembranças, ver meus irmãos chegando com as sacolas feitas com os lençóis brancos de algodãozinho, cheinhas de algodão para serem pesados na balança que ficava no corredor entre a casa e o salão da escola. Depois, era guardado num quarto atrás da escola. (Quarto Caroço) Quando já tinha 100 arrobas, papai pedia para os filhos ensacarem o algodão em sacos de estopas. Cada saco pesava 8 arrobas. Nas horas de ensacar o algodão havia muitas brincadeiras de pula-pula dos que estavam ensacando. Quando tudo já estava ensacado, papai contratava um caminhão para levar esses sacos para a usina dos Medeiros em Jardim. Além de tudo isso, ainda havia nos finais de semana os passeios às casas dos vizinhos e amigos e tudo era muito bom. A casa de Luiz de Zumba e D. Quininha eram as mais visitadas.

Não vou contar tudo neste relato porque minha vida de criança tem muito para ser contada e não devo resumi-la numa folha de digitação. Seria muito bom relembrar outras coisas do sítio: Pé de Bugari de Irene, laranjeira de papai, pé de Jupi, horta de mamãe, tempo da vovó Zefa, fubas de favelas, tempo de escola na Viração, mula Maravilha, gato Neve, teimosias do jumento Moreno, brincadeiras no galho de pereiro e Dina nos chamando, Geraldo chegando dos passeios a cavalo, apelidos dos irmãos, presentinhos recebidos de Neneco etc. Mas fico somente com a saudade do tempo ido e vivido com muito amor. Queria voltar a ser criança para reviver tudo isso e muito mais.

Minha vida percorreu um caminho que tem curvas complicadas e muitos altos e baixos. Não temerei esses obstáculos, pois quero seguir a procura de um mundo mais humano e mais fraterno para viver mais feliz. Nas entrelinhas, poderemos externar sentimentos profundos sem ao menos percebê-los!

A maior ajuda, é aquela que faz a gente se sentir bem quando o inesperado acontece. A vida é linda! Sem ela, eu não poderia dizer o quanto vale a pena ter esperanças de que um novo amanhã vai surgir...

Hoje aprendi tantas coisas! E tudo que aprendi, só me faz mais realizada e feliz!

Em cada dia que passo aprendo muitas lições, para viver bem com a vida. Sei que devo praticar boas ações! Solidão não mata, mas maltrata o nosso coração!

Meus amigos são tão importantes para mim COMO A FLOR o é em um jardim.

Se tudo se perdeu no tempo e espaço, procuro encontrar motivos e recomeço tudo outra vez. Enquanto existir VIDA para ser vivida, eu estarei à procura de uma vida melhor!

Eu sou o resultado da soma do que fui ontem e sou agora, que adicionado ao que serei amanhã terei como produto, UM SER INACABADO

Quando minha mente navega no mar da imaginação, sempre encontra sentimentos que marcaram presença em meu coração.

Os anos 60 foram os melhores anos de minha vida, participei do tempo da Jovem Guarda cantando lindas melodias , dancei pela primeira vez no Esplanada Clube, vi a inauguração da energia de Paulo Afonso a qual foi uma coisa tão boa que até um baile teve no dia da inauguração em 1966.

Artmaze

Texto transcrito em 25.08.2024

Artmaze
Enviado por Artmaze em 25/08/2024
Reeditado em 25/08/2024
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