Rozalina Cecilia Cemin - Relato da minha vida
Este relato foi-me fornecido pela pessoa de Dona Rozalina com a ajuda de sua querida filha, Cristiane Cemin, no ano de 2020 em meio à pandemia do Covid 19. Museu Histórico Pe. José Gaertner. Porto Mendes - Mal Cândido Rondon PR.
*...RELATO DE VIDA DE ROZALINA CECÍLIA CEMIN...*
Nasci em 15 de outubro de 1944 no Município de Palmas, no Estado do Paraná. Fui a 5ª filha de Vitório Parizotto e Regina Bett Parizotto.
Recebi os primeiros fundamentos da minha educação na Escola Isolada Nossa Senhora dos Navegantes em Bituruna (hoje o local não existe mais – foi inundado para construção da Usina Bento Munhoz da Rocha Neto – Foz do Areia).
Terminada a educação básica (Ensino fundamental) para poder seguir estudando, tendo em vista que não havia escolas na localidade a nível médio, meus pais me conduziram para o colégio interno das Irmãs da Sagrada Família (de origem Polonesa) no qual permaneci morando durante quatro anos. Neste período fiz parte da primeira turma da Escola Normal Regional Santa Bárbara (equivalente ao Magistério) preparando-me para a docência. O Colégio preparava também suas alunas para atuarem como catequistas, em trabalhos sociais, comunitários, artísticos, manuais, culinários, horticultura, entre outros.
Em dezembro de 1961 (concluído o curso normal) voltei a morar com minha família que havia se mudado para Porto Mendes. Tinha nesta época 17 anos.
A localidade de Porto Mendes estava sendo desbravada e quando lá cheguei só havia a Igreja, a escola, pequenos comércios, uma pequena farmácia e as famílias que lá moravam.
O início de minha vida na docência se deu em Porto Mendes no mês de maio do ano de 1962. Fui indicada para o cargo de professora e realizei um teste para o qual fui aprovada tendo sido designada para iniciar minha carreira na Escolinha da Fazenda Eliziário, atual Fazenda Carapã, com turmas multisseriadas do 1º, 2º, 3º e 4º séries. Confesso que vivi um misto de incerteza, expectativa, ansiedade, dúvidas e muitas dificuldades. Nesta escola trabalhei por um ano. Em 20 de maio de 1963 me casei com Anildo Cemin pioneiro de Porto Mendes e passei a lecionar na Escola Municipal Comandante Luiz Augusto Morais Rego, na sede distrital, na qual permaneci até me aposentar. Lecionava e ajudava meu marido com a lida na lavoura e a criação de porcos. Com o tempo passei a dar aula o dia todo e esse ritmo de trabalho na escola e em casa não diminuiu até a aposentadoria que ocorreu em 1991. Fui alfabetizadora, professora de pré-escola e em 1982 dei aulas de Técnicas Agrícolas, Artes e Língua Portuguesa para as turmas de 5º à 8º séries.
Em 1991 ao me aposentar senti um imenso vazio. Como era possível estar tão perto e tão longe da escola? Não me adaptei àquela vida sem as crianças. Depois de muitas noites de insônia, o coração decidiu por mim e abri minha própria escola. Construímos uma sala nos fundos de nosso lote e meu sonho se fez realidade. Minha proposta era trabalhar com as crianças que não tinham acesso à escola (em Porto Mendes não tínhamos creches) então, pensei em atender àqueles que tivessem entre 2 e 4 anos de idade. E agora eu podia dizer novamente que estava feliz.
Trabalhei de 1997 até 2018 com o espaço que registrei como “Escolinha Dona Roza”. Optei por uma linha de trabalho na qual pude colocar em prática tudo que sempre imaginei que seria o desejável em uma educação de qualidade: desenvolvendo as habilidades motoras, a linguagem, a socialização e principalmente os valores fundamentais da vida humana. Participamos dos desfiles de 7 de Setembro, das Festas Juninas e realizamos encerramentos (formatura) todos os anos.
Depois de tantos anos de trabalho na área da educação, tenho orgulho de dizer que alfabetizei três gerações e hoje quando os recebo em minha casa com seus filhos (alguns já com os netos que foram meus alunos também) para contar de seus sucessos profissionais, para contar que fizeram uma faculdade, que cursaram uma especialização, que constituíram uma linda família e que são felizes, fico imensamente grata por ter feito parte da vida de todos eles.
Neste momento, por motivos de saúde, não estou atuando, porém, ainda me sinto com energia para continuar semeando neste campo fértil da educação.
Aos que estão atuando na área da educação e àqueles que ainda irão atuar futuramente, tenho a dizer somente que a docência não é uma escolha. Somos escolhidos! Não é uma simples profissão, é um sacerdócio! Exige doação, amor incondicional, esperança, fé no ser humano, e coragem para fazer a mudança acontecer. Desejo que as próximas gerações possam continuar tendo fé no ser humano.
Agradeço a todos que contribuíram para o meu crescimento nessa linda jornada que é a vida (familiares, alunos, pais, colegas, amigos, pessoas da comunidade) com vocês me reinauguro todos os dias com o compromisso de ser um ser humano melhor. GRATIDÃO!
*para mais informações envie email para cyf160867@gmail.com ou escreva seu comentário um comentário. <3 :)
Te quero feliz, querido leitor
SJCampos, aug25th2024 - 10:56am