EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XX)
EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE
(LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XX)
O INCRÍVEL ZOO hollywoodiano penetra as pessoas da sala de jantar de modo ao mesmo tempo agressivo e sutil. A agressividade colorida aos olhos, sutil no constante armazenamento de mil informações de caráter emocional que chegam até nosso subconsciente. Elas e eles estão lá, personagens que se materializaram como se fossem fantasmas monitorados por atores, atrizes e diretores das multimidias na telinha da sala de jantar. Não há como escapar. A porta do inferno é larga, cabe a todos em rebanho.
É A MANEIRA de Lucy Australopiteco dizer que te ama e está contigo, mesmo depois de 3,2 milhões de anos de sua queda da árvore da vida primitiva em que vivia subindo, por vezes caindo. Mas nem sempre quebrando os membros ao impactar com o chão d´África. Hoje, Lucy estaria competindo nas paraolimpíadas. Sua energia vital, seu amor à vida, mesmo cheia de traumas e dores, ainda está viva hoje.
QUEM LIGA para o ocultismo do entretenimento televisivo??? Os Orixás estão todos lá, nos programas de humor. Seus filhos de chuteiras nos pés, descendentes de muito antiga mão da humanidade, estão se refestelando com salários milionários, pargos para lavar o dinheiro do contrabando e do tráfico de drogas europeu e americano. Lucy Australopiteco e seus chutadores de “bola” no céu salarial com diamantes.
OS SEPULCROS caiados, as Marias Chuteiras, com seus modelitos de grife, por vezes excita m jogadores a trepar no banheiro, após alguns drinques na boate do hotel. Eles, no céu da boa vida salarial com diamantes, por vezes não resistem à tentação de estuprá-las ali mesmo, no chão do banheiro. Afinal, com dinheiro, podem comprar não apenas bons advogados, mas, por vezes, policiais e juízes.
SÃO COMO astros e estrelas do Zoo hollywoodiano, com o charme dos campos. Dos campos de futebol que também estão sempre representados nos jogos duas ou três vezes por semana. Os comentaristas dos rolas-bolas, ganham grana, ora bolas, para falar que fulano de tal está em condições de disputar a camisa da seleção. O lugar de artilheiro do clube do coração do torcedor que, na galera, em dias de jogo, torce, se inflama, e esquece a dor de ser um João Ninguém: o torce dor veste a camisa do clube, energiza-se, estimula-se, incendeia-se. Quem sabe essa noite nem precisa do azulzinho para fazer gol na cama.
LÁ ESTÃO NO gramado, os descendentes diretos das espécies de hominídeos híbridos, correndo desesperadamente atrás da “bola”. Partem com toda disposição para o campo adversário, buscando a penetração na defesa opositora, na competição pelo prato privilegiado de comida, em troca dos salários milionários, dos gritos entusiasmados da galera que implora, ansiosa, pelo momento do gol.
A GALERA VIRA uma fera do Inconsciente Coletivo do Circo. O entusiasmo, a gritaria e o suor do corpo excitado por seus ídolos e mitos, da política e da “bola”, os tornou proletários famintos atrás da carrocinha do cachorro quente.com refrigerante diet.
ELA, LUCY Australopiteco, está, nas competições femininas, também a correr atrás dos diamantes de sangue da “bola”. Também elas, onze de um lado, onze do outro, disputam a corrida pelo diamante do gol, ávidas por se sentir vitoriosas. Seus torcedores repetem o ritual do Pão e Circo na saída do Coliseu da “bola”. A empatia selvagem com os matadores gladiadores excitadíssimos dos alvos das Marias Chuteiras.
A CIVILIZAÇÃO e a cultura do país estão pensando (pensando???) em comprar ingresso para ao próximo espetáculo do corre-corre onze contra onze. As genitálias e os sovacos suados. As caras fazendo caretas para as câmaras. O suor pingando dos poros refogados. A sensação de que estão a se equiparar aos dramas das damas e estrelas que representavam a galera no tempo dos imperadores Nero, Calígula e Vespasiano.
NOS DIAS DE hoje do teatro romano americano atual, as massas de agrado agradecem as pernas nuas, abertas e soberanas das estrelas baianas nos motéis de periferia no centro da cidade. A civilização e a cultura do circo em busca do pão, depois de ir dormir mais uma noite excitada, talvez embriagada, visando acordar bocejando na 5ª feira de cinzas. Começa outra vez a batalha insana pelo salário café com pão, ponto de ônibus, arroz com feijão, salada e bife na hora do almoço. Com Pepsi ou Coca-Cola.
MINHA MENTE não está atormentada por carmas que não são meus. Estou livre das coisas ruins que se preparavam, em mim, para me levarem com elas. Arrastando-me na correnteza do interior de uma consciência meio inconsciente e cavernosa. Não mais estou disponível para essas forças. Eu posso vê-las e sentir desmoronar em mim; O ruído astral que elas fazem ao saber que não estou mais disponível para elas. A criança em mim parou de clamar por atenção. Mamãe Lucy Australopiteco, minhas mães hominídeas subsequentes, não mais existem em mim como eu existia nelas.
EU ME CONTENTO com o que consegui do que fizeram comigo. Meu merecimento de mim se dissociou de suas angústias. O amor delas por mim me abandonou, felizmente. Eu me escrevo, equilibro-me nas cordas de uma dimensão na qual minhas mães anciãs não têm acesso. Salto de pedra em pedra sobre a violenta correnteza do rio que anão me leva. AS AFLIÇÕES ANCESTRAIS NÃO MAIS ME TURVAM A VISÃO. A espécie primata à qual pertenço hoje, talvez nem mais pertença a esse mundo cão.
NÃO MAIS ME turva a visão a nuvem invisível da enganação no mundo do lado de lá, ou do mundo que se diz daqui — livre. Meus erros eu mesmo os promovo, não vêm de impulso do corpo morto embalsamado no Egito, ou seja, lá donde foi quer que fosse. A maldade ancestral, sua loucura, sua usura, sua aura, seus delírios, seus quintais, não mais me surpreendem. Que se afoguem e refoguem no mar oceânico de suas necessidades. Fiquem, os ancestrais, com suas misérias de caráter. Meus inimigos, que não mais me alcancem. Parei de mugir como cabeça de gado de rebanho de carneiros e bodes.
EU ME PERDOO por ter demorado tanto tempo para sair da roda-viva que os havia levado na luz sabida, enfraquecida, de seus molambos astrais, de seus sentires, de seu céu malogrado, estrelado no teto de suas lojas pasmado. O universo deles, mesmo que eles finjam não saber, já se deteriorou ao máximo. Suas leis, sua astrofísica, seus reis do passado. Toda vida consumida na familiaridade de uma espécie deformada pela mentira e pela ambição desalmada. Que têm eles a ensinar, senão jogos de guerra, virulência, roubo e traição???!!! As almas se perderam em busca do amor e da razão!!!