Maria da Cruz Rolão (quem foi?)
Falecida em 21 de Setembro 1890 (aos 73 anos) em Moçâmedes, Maria da Cruz Rolão foi uma mulher destemida, viúva de José Rolão. Com o marido e dois filhos emigraram para à Baía dos Tigres, depois de se estabelecerem provisoriamente em Porto do Pinda. Pouco tempo depois, fixaram residência em Porto Alexandre. A sua família e outros emigrantes que os acompanharam, foram os primeiros habitantes brancos de Porto Alexandre.
Depois do falecimento do seu marido, a quem os outros companheiros de labuta o consultavam sobre cuidados agasalhadores e lide piscatória, passou a dirigir os emigrantes. Chamavam-lhe "a regedora". Superintendia nos trabalhos dos colonos, emitindo ordens atendendo os interesses comuns e resolvendo, de forma acertiva, os problemas dos pescadores.
Foi uma mulher atenciosa e protectora dos seus administrados. Pois, em benefício da colónia, num certo dia, mandou içar uma bandeira portuguesa num pau, depois saltou com dois criados para um bote e dirigiram-se para bordo do navio inglês que fundeara em Porto Alexandre onde fez exercícios militares que assustou a população, principalmente as mulheres e crianças que, chorosas, pressionaram a regedora a tomar essa medida, pois temiam que os seus maridos, país ou irmãos viessem a ser vítimas das más pontaria.
Imaginam a coragem dessa mulher que falava apenas português, que com certeza os ingleses não compreenderiam. Ela fez os ingleses pararem com aquele perigoso exercício, com um veemente discurso de gestos solenes e autoritários apontando para as peças e para a península. Acho que foi dramático.
Maria da Cruz Rolão foi uma arrojada viúva, improvisada e benemérita regedora de Porto Alexandre, mulher de índole varonil, perspicaz inspiradora de sensatos conselhos, de nobres e brilhantes exemplos de coragem, civismo e de amor ao trabalho. Viva!
©️ Mwéene-Ndaka 🇦🇴