Com Vicente, convincente
De toda a irmandade dos filhos de Neném, que moravam juntos no Brumado antigo, Vicente era o que parecia dar menos parte das coisas. Já quase quarentão, tomava sua vara de carreiro - com ferrão à ponta - e saía pelas ruas pedregulhosas do povoado a tanger bois imaginários. Em casa ou alhures não parecia haver reprovação ostensiva ao exercício de seu ofício, senão aquele temor à primeira vista da criançada, que logo se acostumavam e prudentemente evitavam caçoadas mais explícitas sobre aquele esdrúxulo comportamento.
E a coisa mais certa era o seu retorno pontual para as refeições, quando as irmãs, zelosas, limpavam-lhe na renitente barba, sempre por fazer, uma eventual baba decorrente do ingente esforço de carrear a boiada.
Um dia, diante de seu deslumbramento com a caminhonete Ford verde da Fábrica de Tecidos, sêo Afonso, o sempre simpático gerente dos olhos azuis e do porte atlético, ofereceu-lhe uma carona... Vicente só hesitou sobre como acomodar a vara na carroceria, mas uma vez superada a sua inquietação, quase bufante de excitação, acomodou-se logo na boleia, ao lado do gerente...
Quando voltou do passeio de poucos minutos pela poeirenta estrada que ligava Brumado a Pitangui - trecho que quase uma légua - foi que para as curiosas e felizes irmãs, Lia, Vica, Ção e Tôca, definiu sua experiência:
- Gostoso dimais corrê sentado...