Trauma de infância
Sabe o que configura um trauma ?
Algo que nos acontece mas que na nossa concepção é inimaginável. Aquilo que nossa mente não consegue processar como sendo aceitável , aquilo que fere a integridade humana de uma forma tão profunda que fica impossível acreditar que tal coisa aconteceu, porque pra você é tão impossível que aquilo aconteça, é tão impossível que alguém passe por aquilo que aí você trava . Aquilo machuca tanto a ponto de você vivenciar tudo de novo só de lembrar.
Claro que para cada um é diferente, o que me fere você pode levar de boa e vice-versa.
Eu descobri um trauma de infância ( umdeles ) e parte da minha vida fez tanto sentido ! Agora tenho respostas para muitos "por quês".
Quando eu era criança moramos em Nilópolis nos apartamentos do RX, eu era muito pequena mas lembro de tudo. Depois dali fomos para Comentador Soares e moramos em duas casas diferentes lá , Na época que meus pais se separaram eu lembro que minha mãe atrasou o aluguel da casa e fomos despejados, para acelerar o processo da nossa saída o dono da casa mandou uns homens destelharem a casa , eles começaram a tirar as telhas da parte onde era o quarto, minha mãe começou a arrumar e guardar tudo correndo enquanto passava eu e meu irmão para o cômodo seguinte, nós tínhamos 8 e 9 anos. Depois q os homens foram embora ela nos levou pra casa da minha tia ficamos uns dias e de lá já fomos para Nillopolis em Nova Cidade. Não lembro quanto tempo ficamos lá mas a saída de lá tbm foi difícil, meu irmão precisou ser internado para uma cirurgia e eu fiquei na casa da minha vó, quando ele saiu do hospital minha mãe passou pra me pegar e fomos pra casa , chegando lá a casa havia sido invadida e r0ubada ... Volta nós pra casa da minha vó ( onde já morava 6 pessoas num espaço que cabia 2) . Minha mãe dormiu algumas noites nos bancos do Pronto Socorro pq na casa da vó não tinha espaço. Ela arrumou uma casinha e tudo que nos sobrou coube numa carroça! Uma carroça puxada pelo dono, não tinha cavalo! O cara puxava a carroça. Nos mudamos pra Manoel Reis . Um tempo depois a dona pediu a casa pq a filha ia se casar , fomos para a Mirandela onde ficamos por muito tempo , umas casinhas antigas que existiam onde hoje é uma galeria. Na época o dono vendeu para esse empreendimento e colocou todo mundo pra fora no mesmo dia, demoliu as casas e quem não tinha pra onde ir teve seus pertences levados pro depósito da prefeitura . As coisas não eram como hoje , não tinha ninguém filmando pra postar e aí de quem se metesse ! A cena da minha mãe sentada na calçada gritando desesperada com tudo na rua é bem viva . Eu já era casada e ela ficou na minha casa uns dias e logo conseguiu se mudar. Não!!! A prefeitura não levou as coisas dela , tivemos que nos virar , a casa era grande , boa , ela ficou lá um tempinho ,na Joaquim Máximo Soares , eu morei lá com ela depois da minha separação, até terminar o contrato e o dono decidir que queria vender pq ia embora do estado, minha mãe não tinha como comprar aquela casa apesar dela amar aquele lugar . Nos mudamos para Mirandela de novo , dessa vez perto da praça da Roldão, a casa era muito pequena, minha mãe já não voltava mais pra casa , ficava na pensão. Aí eu arrumei uma kit net pra ir com as minhas 2 crias pra ela poder entregar a casa e se livrar daquela responsabilidade que não era mais dela . Todos nos separamos , meu irmão foi pra uma lado , ela ficou lá no canto dela e eu fui pra outro . Morei um tempo na Barão em Mesquita ,em 2 casa diferentes uma de frente pra outra, a segunda era maior , de lá fui pra Zeferino onde fiquei 21 anos na mesma casa .
Tem 2 anos que me mudei de lá com a esperança que isso nunca mais fosse acontecer .
Pavor! Eu tenho total pavor a mudanças.
Hoje tudo faz sentido! Pq "mudanças" me apavoram . Eu tinha dificuldades de trocar móveis de lugar . Parece bobo né !? Mas é real . Eu só comecei a trocar móveis de lugar quando arrumava a casa depois de muita terapia por conta de outra situação, pq aí a gente vai descobrindo tudo que tá estragado aqui dentro né!? E vai tentando consertar.
Esses dias na rua eu tive outro ataque de pânico pq parei pra pegar caixas e comecei a pensar na situação. Aquela sensação de ter alguém com as mãos envolta do seu pescoço apertando até te sufocar. Me veio a mente um pedacinho de cada mudança da vida inteira.
Eu não tenho condições psicológicas pra isso.
Eu tinha que ter nascido uma árvore!