1993

O ano era 1993 e tudo começou em um domingo ensolarado por volta das 16:00 da tarde. Naquele dia o mundo recebeu um novo ser, cuja história desenhada ainda não podia ser travada. Ali começava a história de uma poetiza que permeada pela luz da vida não deu um chiado sequer, apenas contemplou a beleza da vida externa ao útero que a abrigava com a paciência dos justos.

Órfã sem os amores de mãe e sem a proteção de pai, e por controvérsia do destino não haveria ser mais amado na terra pela gentil e materna senhora de cabelos brancos. A partir dali seus sonhos infantis estavam salvos e resguardados na infância inocente.

Pouco sei apenas retalhos de uma história mal contada, apenas boatos de recordações vencidas. Um amontoado de histórias incertas que não sabem se de fato aconteceram, apenas só se tinha plena convicção daquilo que não aconteceu.

Fora dado um nome, mas não uma identidade, a partir dali eu existia, mas tampouco sabia que para viver era preciso bem mais do que um número de registro, bem mais...

Depois de tudo vieram as noites terríveis de choro desamparado, cujas mãos senis me embalavam o sono e a escuridão se dissipava entre minhas pálpebras frágeis.

Foram necessários alguns tombos e então o primeiro passo. Não engatinhei. A pressa do primeiro passo era pungente demais para seguir cronogramas. Sempre fui assim, urgente, e com uma pressa iminente de viver.

Não me lembro das primeiras palavras, mas sinto o cheiro agradável do colo que me sustentava, Não me recordo de quase nada senão da agradável reminiscência do casaquinho de lã azul.

Havia também um quadro na parede cujas letras estampavam meu nome e me designavam a ser quem sou.

Não há muito para lembrar, receio que os primeiros meses não sejam importantes do contrário estariam registrados na memória.

Josih Romano
Enviado por Josih Romano em 07/05/2023
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