Quando a noite acaba

Membro de uma família muito pobre, eu aprendi, desde cedo, o que era a fome e a dor, problemas que afligem a humanidade de maneira geral. Alguns nascem e morrem na miséria, porém outros conseguem, mesmo em meio ao caos social, sobreviver.

A dor da perda sempre esteve presente em minha vida. Passava rapidamente da alegria para o sofrimento. Tinha medo de sorrir porque acreditava que, no dia seguinte, viria uma grande tristeza.

Quando criança, eu acreditava que, quando alguém andava de costas, estava medindo o tamanho do caixão da mãe. Um chinelo virado representava a mor-te de alguém. Em meio a essas crenças de criança, cresci e sobrevivi a terríveis ausências.

Fui discriminado e vítima da exclusão social. A noite era minha companheira, porém, por mais que eu não os desejasse, a fome, o frio e a solidão também estavam do meu lado.

Perdi os amores da vida minha ainda muito jovem. Eles me deixaram e, na única oportunidade que tive de dizer adeus, não tive coragem...

Trecho do meu livro.

Caetano Cônsolo
Enviado por Caetano Cônsolo em 10/03/2023
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