José Alfredo Araújo Mesquita
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
José Alfredo Araújo Mesquita, filho de Pedro Américo Mesquita e Elza Araújo Mesquita, nasceu em 27 de fevereiro de 1958, na Santa Casa de Santana, Itapecerica (MG).
José Alfredo têm mais irmãos: Angelica, Luiz Augusto, Ângela, Rosinha e Dodôra.
O menino José Alfredo era um pouco 'levado', mais precisamente na primeira infância. Por não levar muito a sério os estudos... logo no início da vida perdeu 3 anos de sua carreira estudantil: ao tomar três 'bombas' seguidas, no primeiro ano de grupo.
Talvez por uma firme e boa conversa dos pais melhorou: na quarta tentativa na mesma série foi aprovado ao segundo ano primário.
O menino começava a deslanchar nos estudos: passou para a terceira série com sucesso. Mas, a coisa desandou: ao ser acusado de dar uma rasteira em sua professora.
Pressionado pela direção da escola, pelo ocorrido o garoto José disparou numa carreira só... até chegar em casa e tratar (no mesmo embalo que vinha) em se esconder num lugar 'seguro' a ele: entrou com a rapidez que pôde debaixo da cama mais próxima que viu.
Com mais essa a dona Elza (a mãe), professora de ofício não esperava. Deve ter pensado: "Onde estamos falhando na criação desse menino?" Não entendia o que se passava na mente do seu garoto José.
Numa suspeita de problemas de saúde mental o menino foi encaminhado há uma avaliação médica no IPSEMG, Belo Horizonte. Após uma bateria de exames psiquiátricos nesse hospital, José foi devolvido aos pais, são e salvo, sem constatação ou diagnóstico de distúrbios motores.
O menino, nem bem chegado do consultório, sem inconformidades de saúde (segundo o médico), tomou da mãe um corrigimento que ela achou necessário: aplicou-lhe uma 'bela surra'.
Posteriormente fora providenciado a José, prosseguir seus estudos (mas não em Itapecerica) e sim no Ginásio Agrícola de Inconfidentes (colégio interno), cidade limítrofe a Ouro Fino, Sul de Minas Gerais.
"Lá eu aprendi a ser gente; a comer, a viver... havia comida boa; eu estudava de manhã e trabalhava a tarde." Comentou seu José.
De 1973 a 1977 foi estudar em Bambuí (MG), onde se formou como Técnico em agronomia. Por volta de de 1979, foi tomar conta de uma das fazendas de gado do padrinho, Dr. José Alfredo (que lhe deu o nome), em Janaúba (MG), Norte do Estado.
Por lá comandava uns 30 vaqueiros ("uns caras tudo doidos", enfatiza José); com uns 6 meses nesse lidar, deu uma briga entre os seus comandados: um vaqueiro tirou a vida de outro.
Seu padrinho na mesma hora embarcou num táxi-aéreo e compareceu à fazenda para as tomadas de providências...
Depois de tudo resolvido o fazendeiro orientou José Alfredo. "Olha meu afilhado, aqui você não vai ficar mais não; aqui não é lugar pra você"!
De retorno à Itapecerica José foi tomar conta de uma cozinha industrial do pai, no restaurante Nutri-Bem, nas dependências da Mineradora Nacional de Grafite e permaneceu no comando do negócio por uns 30 anos.
Jose Alfredo casou-se com Tereza Aparecida Sousa, em 3 de janeiro de 1980. Desse matrimônio tiveram três filhas. Camila, Lorena e Maria Tereza.
Residiu com a família na cidade de Divinópolis (MG), de 2002 a 2010, e então transferiu residência à terra natal.
No período em que José, ainda em Divinópolis, ausentou-se de lá, em cuidados ao pai (em Itapecerica), com câncer em estado avançado, num surto, a esposa pôs na cabeça ter ele usado isso como trampolim para arrumar um novo amor nessa cidade.
Em 2004 seu Pedro faleceu. A esposa de José, irredutível, deu de insistir na separação... Com o complicar da crise afetiva, nesse mesmo ano assinou o divórcio, que ela tanto queria.
Após isso, por pouco tempo, ainda moraram juntos. Pelos filhos, José propôs casar-se com Tereza novamente (de papel passado), mas, não conseguiu êxito: por esta não aceitar e, por conselhos da sogra ao contrário.
Seu nome de batismo é resultante de uma homenagem dos pais, ao ilustre hóspede do hotel Juvenil, o médico Dr. José Alfredo. — Por este o ter salvo da morte quando do seu nascimento.
Ó menino fora gerado e viveu por 9 meses mal posicionado no útero materno e insistia o quanto podia, em vir ao planeta de costas, como se dele estivesse indo; e deu ao experiente médico, um trabalhão danado para o posicionar adequadamente e assim ver a luz do mundo de frente, como os demais.
Naquele tempo o índice de parturientes que perdiam suas vidas no momento do parto, era alto e sua mãe correu grande perigo...
Tempos depois o médico disse ao seu Pedro: "Naquele dia compadre, eu não sabia se salvava a comadre ou o meu afilhado". Abaixo de Deus o médico salvou mãe e filho!
Dona Elza sofreu muita hemorragia nesse parto, e esteve quase a perder a vida. Recebia as doações de sangue pelo processo de veia a veia com o doador.
Nessa ocasião só existiam 2 médicos na cidade, para atender as demandas de saúde: este dito Dr. José Alfredo e o Dr. Severo.
Em 1954 seu pai já atuava no ramo hoteleiro na localidade; numa casa de hospedagens de menor porte; o Hotel Juvenil.
Ao ver uma esplêndida edificação na região central sendo erguida com a finalidade hoteleira vivia a dizer a si mesmo e aos outros: "Ainda vou comprar esse hotel".
Seu Pedro visitava a mãe cotidianamente, nas proximidades do Grande Hotel Ita (na tinha esse nome na época. O proprietário dessa obra passava por dificuldades financeiras para seguir adiante...
Seu Moura provavelmente soubera do desejo de Pedro em adquirir o empreendimento...
E, numa das visitas costumeiras a mãe foi cercado por este em dizeres:
— Ó Pedro esse hotel é seu!
— Que ideia Moura, não tenho dinheiro pra comprar compara-lo não!
— Mas, você têm crédito Pedro...
— Não me põe doido não Moura!
— O hotel é seu, toma a chave aqui, você me paga do jeito que quiser!
Seu Pedro animou com a proposta e cuidou logo de levantar os recursos necessários à essa aquisição: arrumou dinheiro com a parentada toda de Itapecerica e, com a metade do montante financeiro, cedido por um irmão abastardo, residente no Rio de Janeiro efectuou o pagamento da compra do imóvel.
Realizada a tão sonhada compra, com mais sacrifícios deu prosseguimento nos trabalhos da grande construção...
Para a alegria de todos, em 1957, com três anos do investimento e múltiplos esforços, Pedro Américo Mesquita concluíu com sucesso, a obra do "Grande Hotel Ita".
O "Ita" é a junção das três primeiras letras iniciais do nome da cidade. A motivação a esse nome foi uma inspiração, no fato de já existir o Grande Hotel de Araxá, o Grande Hotel de Poços de Caldas...
Passou a ser conhecido então por esse nome depois de mobilhado e habitado por toda a família de seu Pedro e dona Elza. A partir de 1 de janeiro de 1960 (os meninos eram todos pequenos).
"Nas décadas de 1980/90 o hotel enchia de hóspedes; havia um grande refeitório, os viajantes chegavam numa segunda-feira e íam embora na sexta. Não tinha Internet, modificou muito e hoje em dia só oferecemos as pernoites." — José Alfredo
Seu Pedro e a esposa tocaram o negócio por muitos anos, criou os filhos e os educou. Estes em alternâncias, ajudaram os pais nessa adminitração.
Em 2004, o velho pai de José Alfredo antes de ser acometido por um câncer, prevenindo aborrecimentos futuros dos filhos, um com o outro, por questões de herança, dividiu a eles, em vida, a porção que lhes cabiam no Grande Hotel Ita.
Dona Elza, no aniversário, dia em que completou 90 anos de vida faleceu; isso em 2016.
Os herdeiros de seu Pedro ainda preservam seus quinhões, numa memória ao pai; a pesar de receberem tentadoras propostas de compra do imóvel.
"Hotel é uma prisão de portas abertas." — José Alfredo
No Grande Hotel Ita, não há mais serviços de fornecimentos de refeições e cafés da manhã a seus hóspedes. Também já houve redução de 10 a 15% no valor das diárias.
"Sou doido para comprar isso aqui. Não tenho dinheiro não, mas tenho vontade igual a do meu pai... Só nós da família sabemos o quanto ele lutou para adquirir esse hotel. Quero comprar para preservar a sua imagem".
— José Alfredo
Para não encerrar de tudo, as atividades hoteleira, que o pai tanto sonhou, conseguiu e manteve por anos a fio...
Como a mesma habilidade e carisma que o patriarca certamente teve, José Alfredo (com mais disponibilidade que os demais irmãos), ainda atende alguns hóspedes que aparecem por lá a procura de um abrigo, um pouso, uma pernoite...
Com algumas horas de hospedagem no Grande Hotel Ita, de Itapecerica, sob a atual direção, o hóspede já se sente íntimo de José Alfredo e da cidade.
Nemilson Vieira de Morais,
Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
(21:11:22)