COMIDA E VAZIO.

Ao iniciar a manhã de domingo, percebo que já fui tomada pela ansiedade.

Ao tentar meditar os benditos 10 minutos, meus pensamentos pulam como macacos de galho em galho nas árvores dos exercícios que não posso fazer no momento, na quantidade horrorosa de comida que comi ontem, na segunda que tenho que trabalhar e lógico no jantar com meu namorado.

Não sei se comentei em outros textos, mais estou passando por um processo de compulsão alimentar. Este que me acompanhou sempre e que, com a minha viuvez, intensificou ainda mais.

A princípio nunca pensei que comer demasiadamente me traria tantos problemas de consciência e baixa autoestima. Desde pequena fui uma criança a cima do peso e sempre fui ridicularizada pela família e amigos que na época, nem imaginava que isso me traria sérias consequências.

Ao longo de minha existência, passei a fazer dietas que funcionavam por poucos períodos. Tomei vários remédios e claro, que sempre voltava o dobro do peso inicial.

Ao ficar viúva emagreci e fiz da comida minha maior inimiga. Deixei de lado alguns alimentos por repulsa e acabei excluindo alimentos que me faziam mal e que não me acrescentavam em nada.

Mas... vivemos em uma sociedade e ao longo dos 3 anos e meio de solidão, o vazio foi preenchido com atividade física e lógico que com alimentos escondidos e “proibidos” ao cair da noite.

Entre doces, pães e até um ano atrás, bebida alcoólica me entorpecia desses alimentos como espécie de cura momentânea da solidão de ter perdido o amor da minha vida. Vazio, pânico, medo e ansiedade me tomava e uma vontade de comer se instalava dentro do meu ser que ,nem rezando, tomando remédio e respirando fundo conseguia me controlar.

Uma voz vinha e vem em minha mente conturbada nessas horas e me faz comprar comida que não tenho em casa e me entupir até que meu estômago se dilata e inicio o processo de punição tanto física quanto psicológica.

Me considero uma mulher patética porque, sei que faço mal a mim mesma e mesmo assim, só paro quando passo mal.

Hoje se saio de casa para comer algo, me descontrolo totalmente e no dia seguinte me acabo na atividade física e sei que para muitos, isso não significa nada, mais para mim isso me assola desde da hora que acordo até a hora de dormir.

Estou tendo inchaço, inflamações intestinais e dores insuportáveis no quadril. Minha vida se resume da seguinte maneira: De segunda a sexta trabalhar e malhar e no sábado e domingo comer como se não houvesse o amanhã.

Escrevo, pois, talvez alguém esteja passando pelo mesmo problema e quem sabe um anjo me dê uma luz.