Pedrocilio José de Oliveira

Por Nemilson Vieira/ Hiata Leonardo (*)

Hoje 27/8, ao banho, me veio à lembrança do saudoso amigo Pedroca (como era conhecido em minha cidade); uma lenda do Nordeste goiano como diz Hiata, seu filho primogênito.

Nesse dia eu disse a mim mesmo...

"Há pessoas que não deviam morrer de tão boas que são, ou foram", Pedrocilio com certeza era uma dessas.

Ao vir o desejo de tecer esse singelo texto sobre o amigo em questão, logo me vi com as mãos à obra.

Pedrocílio José de Oliveira, nasceu na cidade goiana de Campos Belos (GO), em 29 de junho de 1948. É filho de Rafael José de Oliveira e Átila Guimarães de Oliveira. Seus pais, além de Pedrocilio tivera mais 4 filhos: Osvaldo, Élson, Ondina, Dene; família tradicional da cidade.

Parece que foi ontem... Aquele 12 de julho de 1975, em que estive na acalorada festa do casamento de Pedrocilio com a Ildete Alves da Silva.

... A recepção dos conjunges, o rasta-pé, os comes e bebes aconteceram na residência de Ismael Borges da Silva (Zé Diel ) e Ucrânia; sogro e sogra de Pedrocilio. Na Rua do Comércio, próximo quarteirão da nossa casa na Vila Baiana. Desse matrimônio vieram dois filhos. Hiata Leonardo de Oliveira, que me assessora nesse texto e, Sandro Crístofe.

A paixão-laboral de Pedrocilio pela "contabilidade" se deu ainda na sua mocidade e, para não sair pelo pelo mundo sem uma profissão definida, despreparado ao trabalho ou, na busca de um saber qualquer, buscou logo uma qualificação profissional nessa área (da contabilidade), sem precisar deixar seu lugar a isso.

... Cursou o correspondente a Ciências Contábeis de hoje pelo "Instituto Universal Brasileiro" educandário de ensino profissionalizante a distância, mais importante do país, na época.

Inteligente, educado, cortês e dedicado no que fazia; trabalhos não lhe faltava na cidade. Trabalhou também em algumas mineradoras pela região.

... Desejou alçar voos maiores e, em 4 de novembro de1985, ingressou na empresa brasileira de engenharia e construção civil, a Construtora Norberto Odebrecht (CNO ), numa frente de obras, na cidade de São Domingos (GO); admitido como contador da instituição empresarial, naqueles termos e nela permaneceu até 1990.

As muitas lutas não hão de faltarem em nossas vidas...

Com um devaneio qualquer no seu relacionamento familiar, Pedrocilio agarrou a beber com muita frequência; a cada dia bebia mais, e se aprofundava no vício maldito.

Uma senhora evangélica, que prestava seus serviços domésticos a ele. De tanta dó abraçou aquela causa e orava constantente a Deus por sua libertação, conversão. E sempre o convidava aos cultos em sua igreja, mas Pedrocilio resistia o quanto podia, teimava e não ia.

Um dia, não muito lúcido devido a ingestão de bebida foi encontrado pela irmã, sua diarista que o conduziu à igreja quase sem o seu querer e, naquele culto, aos apelos do pastor, mesmo naque em tal estado aceitou Cristo como seu Salvador.

Liberto do vício alcoólico e de outras mazelas pecaminosas, em bom testemunho, Pedrocilio

se tornou um bom cristão. Cumpridor das devoções, obrigações cristãs; a cooper com alegria, nos trabalhos religiosos da obra de Deus...

Eu também de igual modo vivia meus áureos tempos na fé cristã. Havia me convertido em 1983. E, qual foi a minha maior tristeza naquela ocasião? Meu grande sentimento foi saber por terceiros, que o amigo Pedrocilio havia esfriado na fé, desviado dos caminhos do Senhor.

... Esse fato me incomodou bastante, de maneira que, peguei a minha vitrola-amarela, uma porção de discos de vinil (hinos, louvores), materiais de evangelizar e sozinho, pus o carro na estrada (um fusquinha marrom do papai).

... Fui ver o amigo-irmão, que, pelas notícias que vinham a mim, não ia bem na fé; meu objetivo era levar os conselhos de Deus a ele, uma palavra amiga naquele instante de dificuldade espiritual que lhe sobreveio. São Domingos, a 75 quilômetros de Campos Belos.

Localizei o endereço de Pedrocilio a poucos metros das barrancas do Rio São Domingos, que carrega o nome da cidade; residia num barracão pequeno, com telhado de uma água só.

Eu havia colocado os meus discos de vinil no teto do carro e os perdi pelo caminho, numa ida ao centro da cidade. Ao perceber, retornei pela mesma pisada e o farol do veículo me ajudou a achar, um a um; de 50, 60, 100... metros uns dos outros.

Dormi por lá uma ou duas noites. Com sugestão do amigo fiz um teste de motorista, num caminhão-caçamba trucado, na Odebrecht e não fui aprovado. Voltei triste com esse fato, mas me alegrei nos mergulhos que dei no rio do lugar.

Pela transparência das suas águas, ao cair qualquer objeto nelas, é possível ser achado com certa facilidade.

Em 13 de abril de 1992, a convite do primo Isvaldino dos Santos (pastor e, consagrado escritor campos-belense ), rumou ao Rio de Janeiro para escrever mais um capítulo da sua história.

Por lá, a residir com Isvaldino, contou com seu apoio e prestígio num bom trabalho, na Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), no seu setor contábil. Na época esta empresa estava em plena expansão, no ramo de publicações de livros, revistas, jornais, panfletos... No seguimento da literatura evangélica, materiais religiosos diversos. É até hoje muito conceituada a nível de Brasil.

Com quase 10 anos na Cidade Maravilhosa Pedrocilio aprofundava as suas raízes... com o novo amor que constituíra e pelos frutos dessa união (os filhos que chegaram). Pedro Rafael de Oliveira, Fábio Rafael e Rafaela.

Provavelmente fora o "amor pelo torrão natal" o motivo maior do retorno de Pedrocilio, às suas origens. Ao Jogar tudo para o alto... e do nada, em 2001, pedir acerto na empresa e partir para Campos Belos.

Na "terrinha" de 2001 a 2009, fez história na Contabilidade Santos. Ainda o visitei de relance em horário impróprio: pois desenvolvia suas atividades contábeis nesse trabalho. E não pudemos prolongar a prosa.

Novamente um problema familiar bateu-lhe à porta: ele amava Campos Belos de paixão e ela o Rio de Janeiro. Por sinal voltou à residir por lá e ele ficou melhor que nós; como planta bonita, amável, desejada, a mostrar seu amor ao lugar; entre as colinas da cidade que o viu nascer. Quando, em 2 de janeiro de 2009, em saudade eterna nos deixou.

*Nemilson Vieira de Morais,

Gestor Ambiental/Acadêmico Literário. (27:8:22)

Nemilson Vieira de Morais
Enviado por Nemilson Vieira de Morais em 30/08/2022
Reeditado em 31/08/2022
Código do texto: T7594073
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