NILTON SANTOS, A ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL: JOGADOR QUE MAIS VEZES VESTIU A CAMISA DO BOTAFOGO

A expressão lateral moderno não traduz o que foi, em campo, Nilton Santos. É como se ele, ainda nos anos 50 e 60 do século passado, estivesse naquela época uns 100 anos à frente do seu tempo. O futebol que jogada está à frente de todos na posição até nos dias atuais.

Não por acaso o lateral esquerdo Nilton Santos foi apelidado de “A Enciclopédia do Futebol”. Para a nossa geração, é como ser chamado de “O Google do Futebol”. Ou seja, conhecia tudo do ofício de jogar bola. Era mais do que um professor: era o livro em que o professor aprendia.

Com a camisa alvinegra do clube de General Severiano ninguém jogou mais partidas do que ele em toda a história. Foram 723 jogos e muitos títulos importantes. Não era de fazer muitos gols, marcou apenas 11 ao longo da carreira pelo Botafogo. Fez outros três pela Seleção Brasileira.

Aliás, Nilton Santos só vestiu duas camisas na vida: a do Botafogo, 723 vezes e a do Brasil, com 86 jogos. Disputou quatro copas do mundo: 1950, 54, 58 e 62. Foi campeão nas duas últimas e vice na primeira. Algo que raros atletas conseguiram na história do futebol mundial.

Nilton Santos era tão bom de bola que é considerado o maior lateral esquerdo da história do futebol mundial. Integra a seleção ideal da Fifa, considerando todos os países em todas as épocas. Se houvesse uma seleção mundial eterna, Nilton Santos seria o camisa 6 titular. Isso é coisa de gigante.

Quando chegou ao Botafogo, em 1948, chegou a jogar com o maior ídolo da história do clube até então, o polêmico goleador Heleno de Freitas, que estava de saída. Alguns anos depois, Já consagrado, Nilton Santos foi responsável pela contratação do jogador que se tornaria o maior ídolo da história do Botafogo: Garrincha.

Durante um treinamento, o jovem Garrincha, um moleque desengonçado e de pernas tortas, participou. Era ponta direita. Nilton Santos seria o responsável por marca-lo. Tarefa que, em tese, seria fácil. Um campeão do mundo, o melhor lateral do planeta, marcando um jovem amador. Tiraria de letra a tarefa. Engano!

Garrincha não teve qualquer respeito pelo veterano craque: partia para o drible e levava a melhor na maioria das vezes. Um fato que deixou a todos no treino intrigados. Nilton Santos, ao invés de ficar chateado, estava maravilhado com o novo craque. Praticamente convenceu a diretoria do clube a contratar o garoto. Estavam diante de um novo gênio.

Os dois passaram a jogar juntos. Nilton Santos sendo um pilar na defesa e Garricha o terror das defesas adversárias. Nilton Santos foi campeão carioca quatro vezes (1948, 1957, 1961 e 1962) e conquistou dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964).

Vale lembrar que até 1959 não havia competição nacional. E mesmo com a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, não eram tão importantes como os campeonatos estaduais. Os melhores e maiores jogadores estavam no Brasil. Um Campeonato Carioca era muito mais disputado que um Campeonato Espanhol ou Inglês, por exemplo. Principalmente entre 1958 e 1964, período que o Brasil ergue duas Copas do Mundo.

Dentro de campo, Nilton Santos era inigualável. Na sua época era praticamente pecado um lateral passar do meio de campo. Pecado mortal um lateral atacar. Se fizer gol então, pior que o próprio inferno. Nilton Santos não era de sua época. Já fazia ultrapassagens, chegava ao ataque, cruzava bolas na área, dava assistências e até fazia gols.

E atrás era seguro como uma rocha, uma fortaleza. Sabia os pontos fracos dos atacantes. Conhecia os atalhos. Se posicionava bem, era bom no combate e tinha raça de sobra. Um jogador completo. Um camisa 10 na defesa.

Morreu aos 88 anos, em 27 de novembro de 2013. Antes disso, virou estátua e lenda para os amantes do futebol. O estádio do Botafogo leva o seu nome. Uma homenagem digna a um dos maiores jogadores que o mundo já viu jogar.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 21/08/2022
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