OS ANÉIS DE UM ANJO

OS ANÉIS DE UM ANJO: SERPENTE ANGEL, PRIMEIRA E ÚNICA

André Bessa

Reduzir em alguns parágrafos uma pessoa tão complexa e fascinante como a Serpente Angel, é tarefa que nos leva a uma opção apenas: falar o mínimo possível. E, precavido como tento ser, eu não vejo outra maneira que a de aceitar um tal desafio, já vencido mesmo antes de ser enfrentado.

Mas, como eu dizia, a Serpente Angel é uma pessoa altamente complexa. Multímoda, ela é multifacetada e possui uma mente polivalente em constante transformação. Amante da música de Raul Seixas, ousaríamos quase dizer que ela é uma "metamorfose ambulante". Mas, com uma grande diferença no que diz a letra: Serpente Angel tem uma opinião formada sobre tudo. Ou, pelo menos, sobre tudo o que ela conhece. E que não é pouca miséria.

Angel é uma esponja: ela absorve tudo. Mimética. É pescador que traça o que lhe vem na rede. Olha, pega, cheira, mastiga e assimila, sem censuras, sem retenções. Essas (e arrependimentos) só virão depois. Se virão. Um traço de caráter que poderia denotar uma certa vontade de tudo conhecer, tudo saber para, conseqüentemente, mostrar ao mundo o que ela sabe. E, portanto, não é nada disso. Angel não tem nada de uma pessoa pretensiosa. Poderia até sê-lo pois, com o talento que tem em transmutar metais, arame farpado, latão e ferro-velho em ouro, ela teria tudo para ser uma chata. E uma chata de galochas porque chove um bocado lá onde ela mora. Porém, se há uma coisa que a Serpente Angel não é, é chata. Sensual extremada? é possível. Afinal, a moça é uma taurina de marca maior! Estabanada? é também possível. Também pudera, com um furacão arrastando o tempo todo suas idéias, como não sê-lo?

A bulimia intelectual de Angel, seu liquidificador mental para palavras, é uma maravilha da criação do espírito universal. Um fenômeno. É esta bulimia que a leva a se apoderar de nomes, frases, expressões, idéias, construções poéticas, circunflexos e vírgulas de outros, misturar tudo e, depois, parir um texto poético. Poder-se-ia até mesmo achar que esta é a maneira mais fácil de se escrever um texto dito literário. Sair recolhendo palavras e construções por aqui e por ali, misturar tudo num mixer, depois montar uma série de estrofes e parágrafos e, em seguida, publicá-los. Parece fácil. Porém, tal aquele conhecido produto anti-caspa, parece, mas não é. Quem duvida, que tente fazê-lo então. E se o texto final tiver a mesma intensidade, a mesma veracidade, a mesma originalidade, a mesma sensualidade e a mesma emoção que tanto impregna os textos da Angel, então será fácil saber quem é o autor: será a própria.

Há pouco mais de um ano, o saudoso humorista Daniel Monge me falara dela. Dizia-se encantado com a moça, com a força dos textos dela, com a maneira original que ela tinha de comentar os textos dele — e que, cá entre nós, nunca foram lá grande coisa — e foi-se amancebando para o lado dela, e ela também foi-se achegando mais para o lado dele, e pirilampo aqui, pirilampa ali, até que... bem, isso é lá com eles, eu não tenho nada que comentar aqui e nem meter minha colher.

Mas, para finalizar, eu dizia que Serpente Angel é uma pessoa altamente complexa. Muito. Todavia, quem souber reduzi-la ao seu denominador comum, ao eixo central no qual gira todo o seu incrivelmente rico e caleidoscópico universo intelecto-sensorial-afetivo, então finalmente a compreenderá. Só que não será eu quem ousará dizer como.

André Bessa

André Bessa
Enviado por Serpente Angel em 19/08/2022
Código do texto: T7585996
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