Batalhas comuns
Naquele sonho, só existia
o homem bom e o homem ruim.
Viviam em uma selva,
que eles mesmos construíam
Pedra sobre pedra;
lamentavam-se
Dessas tristezas e de suas dores.
Seus corpos conduziam fardos enormes,
E mau viam a hora
Do cair da noite!
Pelo menos a noite tinham
a impressão de que jogados,
quase que em trégua,
Desfaleciam, de suas batalhas.
Nessa hora
entregavam seus dias pesados
Esqueciam-se dos seus próprios duelos.
Eram felizes em seus sonhos,
Dali tiravam alimentos
para as suas performances;
sustentavam-se
mais fortes e amparados
por si mesmos.
Afinal, naquele escuro,
temiam mais ao relento
do que um ao outro..
Espadas e lanças enormes
Em mãos marcadas
do trabalho rude.
Afinal na selva dos homens
as mãos tecem e conduzem
Seus maiores castigos,
e agridem muito
Seus espíritos vazios,
deformados por suas perdas e frustrações.
Assim procuravam no vazio
o silencio do amor
que não veio naquela noite.
Matara todos os outros
mas não sobrevivera
ao que ficou.
Quando se desfaziam
de suas armaduras
viam peitos que os recebiam
daquelas batalhas como mães que ninam
os seus filhos,
dentro de um barco desgovernado
que paira sem destinos
sobre águas frias e calmas.
Edmilson Cunha