Batalhas comuns

Naquele sonho, só existia

o homem bom e o homem ruim.

Viviam em uma selva,

que eles mesmos construíam

Pedra sobre pedra;

lamentavam-se

Dessas tristezas e de suas dores.

Seus corpos conduziam fardos enormes,

E mau viam a hora

Do cair da noite!

Pelo menos a noite tinham

a impressão de que jogados,

quase que em trégua,

Desfaleciam, de suas batalhas.

Nessa hora

entregavam seus dias pesados

Esqueciam-se dos seus próprios duelos.

Eram felizes em seus sonhos,

Dali tiravam alimentos

para as suas performances;

sustentavam-se

mais fortes e amparados

por si mesmos.

Afinal, naquele escuro,

temiam mais ao relento

do que um ao outro..

Espadas e lanças enormes

Em mãos marcadas

do trabalho rude.

Afinal na selva dos homens

as mãos tecem e conduzem

Seus maiores castigos,

e agridem muito

Seus espíritos vazios,

deformados por suas perdas e frustrações.

Assim procuravam no vazio

o silencio do amor

que não veio naquela noite.

Matara todos os outros

mas não sobrevivera

ao que ficou.

Quando se desfaziam

de suas armaduras

viam peitos que os recebiam

daquelas batalhas como mães que ninam

os seus filhos,

dentro de um barco desgovernado

que paira sem destinos

sobre águas frias e calmas.

Edmilson Cunha

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 15/07/2022
Reeditado em 20/02/2023
Código do texto: T7560173
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