Mário Fernando Pereira dos Santos (Mário da Farmácia)

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

O genuíno campos-belense, Mário Fernando Pereira dos Santos (Mário da Farmácia), nasceu em Campos Belos (GO), Nordeste de Goiás, no dia (31/8), registrado no mês subsequente, em 1 de setembro de (1963).

O pai, José Pereira dos Santos era natural de Macaúbas (BA). Nasceu em junho de (1926) e Morou com os pais em Buquira (BA).

... Quando pelos meados da década de (1950), conheceu Francisco Xavier de Oliveira (Chico Xavier), fazendeiro bem situado do norte de Goiás; negociante, dono de uma famosa tropa cargueira que negociava por lá.

Deixou tudo e, em sua companhia, ganhou a estrada arenosa da chapada baiana, desceu a Serra Geral e finalizou a viagem com Xavier na Fazenda Mundo Novo, nos termos de Campos Belos.

Nessa região, em novidade de vida, deu seguimento nos seus traquejos de homem do campo... hora numa fazenda, hora noutra a tocar os dias.

Conheceu Guilhermina da Costa Santos (da família dos Costa Madureira), nascida em primeiro de março de (1932), na Fazenda Coité, Arraias (GO), hoje Tocantins. Sem perder tanto tempo se casaram, em quatro de novembro de (1958), na cidade de Arraias.

Tornou-se uma família numerosa: ao todo foram 2 mulheres e 8 homens; Mariana, Avelino, João, Marilene, Ivan, José (in memoriam), Mário, Gildásio, Hamilton e Aílton.

Guilhermina, mulher guerreira, lutou muito na criação dessa turma. Em Campos Belos, Mário auxiliava à mãe: ficava na espreita da chegada de empresas-construtoras na cidade...

— Sabendo da presença de alguma delas no lugar, o garoto corria lá e oferecia a prestação de serviços da mãe aos operários: uma lavagem, engomação, feituras de bainhas, remendos, consertos de zípers, pregações de botões, costuras de uniformes.

José Pereira vivia nas labutas campestres, na Fazenda Coités, em Paiol Velho... a cultivar à terra, tocar suas roças-de-tocos. Quase sempre como meeiro de fazendeiros, sitiantes; para o ganho do pão, o sustento da família.

Inicialmente morou em casas de adobes, na Vila Baiana e posteriormente, com ajuda de amigos, construiu sua residência própria, no Bairro Cruzeiro. — O madeiramento e algum outro material, foram puchados por carro de bois.

Mário viveu parte da sua primeira infância, no Paiol Velho, nos terrenos de Francisco Batista (Chicão), irmão de Zé Batista. — A cuidar da roça com o pai, a vender milho assado e, algum excedente da lavoura, na beira da estrada, sobe à sombra das velhas mangueiras existentes por lá até hoje.

O biografado faz menção sobre um dos fundadores da Igreja Assembleia de Deus (Ministério de Madureira) da sua cidade.

"Sempre recebíamos as visitas do pastor Marcelino, que passava por lá na sua 'velha' bicicleta. Tomava um café conosco e falava um pouco da Palavra de Deus para nós".

... Fala sobre a doença do pai, a força da terra, a bonança...

"Com a doença do pai tendo que ir à Brasília a mãe sofreu muito, mas foi um tempo de fartura. Lembro-me de ter sentado numa melancia e meus pés não terem alcançado o chão". — Mário

— Em garoto, ainda brincou, nadou, deu cambalhotas; em rios de águas limpas da sua cidade.

Perguntado se frequentou o tão falado "Poção" de sua cidade, respondeu.

"No poção eu tinha medo dos mais brigões; lá davam nós, nas penas das nossas calças, com uma pedra dentro e urinavam encima para dificultar desatarmos. O nosso, era o poço do buriti na roça de Nego, das laginhas e, o poço de Antônio Alves, no tomaizinho".

Menino sonha com coisas...

Mário desejava possuir, dar uns repasses numa bicicleta de verdade, mas, a única que possuiu, não pôde realizar seu desejo.

"Lembro-me que sonhava em ter uma bicicleta e o meu irmão Avelino, engenhoso, inventou uma pra mim. Com "talos" de buritis e rodas de cipó de mucunã; imaginária, eu não podia montar nessa bicicleta". — Mário

Isso não chegou a ser um grande problema para o menino Mário, pois, seu forte mesmo se chamava trabalho (ainda se chama).

Havia um quê, de empreendedor, de guerreiro no garoto Mário .

"Dos 10 irmãos, eu me destaquei mais na comercialização, pois, eu vendia algumas bugigangas e produtos cultivados no quintal e às vezes vindos da roça. Sempre com uma grande bacia ou uma sopeira de frutas, hortaliças.

... Limpava quintal, vendia feixes de lenha; como o timbó, araçás, gravetos de negra-mina (usados em acendimento de fogo como casqueiro), frutos: abacaxi, banana, caju, manga, abacate e outros. Também fui engraxate, assim como muitos colegas". — Mário

"Meus fregueses assíduos eram Dr. Antônio, dona Adelicia, Itamar da CELG... deste ganhei um apelido. Um dia, na horta lá de casa, nasceu um pé de giló (era o que pensávamos).

Os frutos foram ficando roxos e nós sem sabermos do que se tratava. No ponto certo, os colhi e saí oferecendo as pessoas sem saber o que vendia. Depois eu soube que era a tal de berinjela.

Ao oferecer-las ao Itamar nos dizeres: "Itamar quer me comprar um quilo de Berinjela"?, ganhei dele o apelido de "Berinjela". Espalhou-se o apelido pela praça inteira e eu sem poder apelar com ele e com ninguém: pois, precisava dos fregueses". — Mário

A saudosa professora e diretora, Antusa Antonio Cardoso achava que Mário e José seu irmão, fossem gêmeos. A pesar deste ser mais velho, dois anos.

"Ela nos colocava na frente, perfilados, juntos às professoras para cantarmos o Hino Nacional brasileiro , na abertura da Semana da Pátria". — Mário

Mário, homem feito conheceu uma mineira de Presidente Olegário (MG), a Vera Lúcia, e se casaram em 20 de dezembro de (1985); desse matrimônio vieram os filhos: João Fernando, Mário Lúcio, Victor Luiz, Laurinne Bianca.

De um relacionamento de beija-flor na flor, com Fernanda Xavier do Santos, veio o Pedro Henrich.

Passado bom tempo do seu divórcio, ocorrido em (2005), Mário conheceu Maria de Lourdes de Almeida Ramos e estão unidos pelo elo matrimonial desde 5 de outubro de (2018).

— Maria de Lurdes tem um filho com mais de 18 anos de um relacimento passado, o James Oliveira Ramos.

Mário estudou no Grupo Escolar Professora Ricarda, Colégio Dom Alano e Polivalente. Fez dois cursos técnicos: Tec. de Enfermagem e de laboratório. É servidor público concursado pela (OSEGO) e atua na área da saúde, em Campos Belos.

Ama de paixão seu torrão natal e nunca se ausentou dele por muito tempo; o máximo que pôde se ausentar, fora uns 7 meses, na ocasião de uma cooperação profissional que prestou a um amigo em Brasília (DF).

Não têm tanto tempo assim...

Mário surpreendeu: ao revelar outra vertente artística, sua, que o tornou ainda mais conhecido. Ao transpor os mares, ganhar o mundo pela Internet. — Com a personagem "VOVÔ MARIANO", que criou e apresenta aos sábados no programa "Cidade Em Foco", na Rádio R C B - AM. Onde conta seus causos engraçados e provoca risos nos ouvintes.

Numa coisa, noutra desde muito cedo na vida Mário têm somado à comunidade local. Contribuído ao desenvolvimento da sua cidade, nas esferas socioculturais, profissional, religiosa...

De longas datas têm sido muito solícito em cooperar nos trabalhos religiosos da Igreja católica local. Nas liturgias das missas, no Terço dos Homens; campanhas, quermeces, cânticos, orações... no solar do violão.

Agora na "melhor idade" seu entretenimento maior é estar junto a família, a companheirada, contar e ouvir causos, cantar músicas caipira-raiz no dedilhar de um pinho. Degustar um bom vinho, uma geladinha, no saboreio dum tira-gosto.

*Nemilson Vieira de Morais

Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.

(27:06:22)

Nemilson Vieira de Morais
Enviado por Nemilson Vieira de Morais em 27/06/2022
Reeditado em 01/09/2022
Código do texto: T7546795
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