BIOGRAFIA RICARDO FONTOURA - A EDUCAÇÃO DOS FILHOS COMO PRIORIDADE

Acreditar integralmente na educação como forma de transformar a sociedade era um dos mandamentos de Ricardo. Aprendeu essa lição com os pais e fez questão de abraçar como mantra. Foi algo que dividiu com os filhos. Educação na casa de Ricardo sempre foi algo que mereceu os maiores sacrifícios e as renúncias mais duras. Era prioridade e um valor inegociável.

Junto com Myrinha decidiram que os filhos deveriam estudar em Goiânia, a partir da segunda fase do Ensino Fundamental. Em escolas particulares, com reforço escolar se preciso fosse. Tinham em mente oferecer a melhor base possível para que eles pudessem ter boas chances de ingressar nas melhores faculdades do país. Sem um ensino forte, eles teriam menos chances de concorrer com alunos que vieram de escolas conceituadas e que estudavam oito horas por dia.

Rodrigo, pela idade, foi o primeiro a sair de Goianésia para este tipo de missão. No caso dele, foi Brasília e não Goiânia. Final da década de 1980, Jalles Fontoura era deputado federal constituinte e morava na capital do país. Ricardo e Myrinha entenderam que seria uma opção melhor. Lá ele teria o apoio dos tios e a companhia dos primos. Já seria muito difícil para uma criança morar longe dos pais, então conseguiram amenizar um pouco a situação com o arranjo familiar.

Dois anos depois foi a vez de Tereza. Aí coincidiu que Jalles já não era mais deputado federal e não morava mais em Brasília. Ricardo resolveu alugar um apartamento em Goiânia para os filhos morarem enquanto estudavam. Não era só Rodrigo. Agora ele tinha a companhia de Tereza. E logo Henrique se juntaria a eles.

Como o estudo era realizado em um turno sobrava muito tempo livre. Ricardo e Myrinha criaram uma estratégia para ocupar essas lacunas: matricularam as crianças em diversos cursos. Inglês, natação, informática, futebol. Tiveram que contratar uma pessoa para ajuda-los na logística e fazer companhia. Todo final de semana, Myrinha ia busca-los para passar o sábado e domingo com a família, em Goianésia. Não sem antes fazer um tour pelos cursos, acertando pendências, realizando pagamentos, cuidando da burocracia.

Uma parte que os filhos sentiam é que nunca podiam passar o fim de semana com os amigos de Goiânia. Não participavam dos passeios, das excursões, dos programas de fim de semana. Mas gostavam de desfrutar da companhia dos pais. E não dava para conciliar as duas coisas.

Ricardo nunca foi o tipo de pai que dava tudo para os filhos. Eles ouviam mais não do que sim. Mas quando o pedido envolvia fazer um curso novo, um livro ou qualquer coisa que contribuísse para a melhoria do ensino, a resposta era rápida e sempre sim. Era uma regra: não dizer não para coisas ligadas à educação dos filhos. Podiam cortar gastos de roupas, calçados, viagens, mas do aprendizado nunca.

A exigência de serem bons alunos, de darem o seu melhor nas aulas era algo que Ricardo não abria mão. Oferecia as melhores condições e oportunidades, mas cobrava resultados. E fazia com que os filhos entendessem que era uma cobrança que só iriam ajuda-los a serem melhores no futuro, a terem as melhores oportunidades no mercado de trabalho. A conquistarem o mundo por conta própria.

Assim como não teve direito a se deslumbrar com o poder na época que o pai foi governador, Ricardo legou esse valor aos filhos. Mesmo sendo membros de uma família relevante do ponto de vista político e econômico na cidade, eles teriam que trilhar o próprio caminho, teriam que construir sua história, teriam que merecer cada ganho.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 12/05/2022
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