Little ghost
Nunca sabemos o dia de amanhã, ou qual sera a proxima desgraça a acontecer... Nem mesmo o quão fundo podemos cair.
Eu passei anos da minha vida dizendo que nunca iria me casar, ou construir uma família, mas não era porque eu não queria, poxa eu cresci em uma familia destruida, não conheci meu pai, não senti apoio emocional da minha mae, fui forçada a agir como adulta desde muito cedo, limpando destroços de brigas, e aprendendo a guardar a sete chaves toda a minha dor. E eu não queria trazer esses mesmos traumas, que até hoje tento vencer, a uma outra criança.
Comecei a percorrer meu proprio caminho cedo, no começo da minha adolescencia ja estava longe de ''casa'', casa onde eu nunca me senti bem vinda, sempre me senti sozinha, então caminhar sem vozes não era uma novidade.
Passei por relacionamentos horrorosos, até porque meu unico modelo de amor era o caos. Mas quando eu menos esperava, minha paz chegou, paz que eu nem sabia que era possivel sentir, paz que tem 1,80m e longos cabelos enroladinhos.
E entao, engonli todas as palavras que afirmavam que eu nunca casaria...
Alguns meses depois, outra alegria tomou meu peito, os dois risquinhos mais importantes da minha vida. Eu estava gerando um bebezinho. Eu fiquei assustada, muito assustada... Mas sabia que era o que eu mais queria.
É claro que me enchi de preocupações, eu ja havia perdido um bebe, quando era muito novinha, mas sempre foi um segredo, uma dor só minha. Mas agora, eu sentia que estava pronta. Não é?! Poxa eu tinha um trabalho fixo, estava casada.... Uma pena que não, meu corpo rejeitou, pela segunda vez.
E quando finalmente sentia que estava saindo do meu poço, eu despenquei. Nós sempre falamos, ''não tem como piorar''; era o que eu pensava sobre meu coração costurado, mas a dor de perder um filho, foi a pior que eu ja senti; duas vezes, meu peito se estilhaçou.
É muito estranho, ver seu corpo mudar, sentir um amor tão grande, mas tão grande que infla seu corpo, e saber... Que esse amor nunca vai ter um rosto.
Nunca vou olhar nos seus olhinhos, ver o primeiro sorriso, as primeiras palavras, ele estendendo as maozinhas pedindo por colo.
Passaram se dois meses ja... Mas a dor parece nunca passar. Não suporto ver crianças nas ruas, ver bebes, mesmo que sejam ate na tela minuscula do celular. O vão no meu peito só cresce, e eu, que nunca chorei facil, choro ao ponto de nao ter nada que possa me consolar.
E agora, existe não só um, mas dois fantasminhas, dois pequenos fantasminhas, rodeando minha mente.
E mesmo que nunca tenham nascido, eu os amo mais que tudo.