Dias de glória, dias ruins

A porta não irá se abrir.

O sonho não virá.

Resta a vida inútil,

A ordem seca e madrasta

dos minutos.

Isso é o que tenho

Em minhas mãos agora.

Não chegará mais ninguém,

E a porta aberta

Será da mesma forma

Que a porta fechada,

Como sempre foi.

É o silêncio que canta

Pelos corredores desertos

Em oração.

Creio que deva existir um Deus

Para todas essas coisas.

Ou não.

As crianças antigas

E os meus mortos

Já se fecharam

Pela escada destruída,

Da velha casa.

As fechaduras ressecadas

Não duelam mais

Com a imaginação falida

Do poeta que se vai

Aos poucos de mim.

Repúdio,

Nem os dias de glória,

São dias de glória.

Nem os dias ruins,

são dias ruins.

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 16/03/2022
Reeditado em 16/03/2022
Código do texto: T7473935
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