QUEM SOU EU?

Prólogo

Trata-se este escrito de um resumo autobiográfico. Este texto interessa, mormente, aos meus seletíssimos poucos amigos e amigas. Talvez nem eles e/ou elas leiam algo tão insulso.

Mas se não lerem meu escrito como irão aprender que insulso é o mesmo que insosso? Ou que mormente é sinônimo de sobretudo? Ou que perdulário é igual a esbanjador? Essa é uma das minhas manias: Sou sempre professoral, mas sem atitudes pedantes e/ou impositivas.

A verdade é única: Sou movido a desafios! Não é fácil dissertar sobre nós mesmos. Sou o que penso ser e, às vezes, sou o antônimo do que permito emergir do âmago de meu id.

Ah! não sabe o significado de "id". Facilito: Id se trata de uma das três instâncias da mente, compondo o aparelho psíquico de cada ser humano. Dentre os diversos alcances, essa instância acaba ajudando a moldar a nossa personalidade e o modo de agir. O termo Id se refere a algo como “ele” ou “isso”.

EXPLICANDO QUEM SOU

Meu nome é Wilson Muniz Pereira. Nasci numa segunda-feira, em 28 de março de 1949, no bairro do Tambor, Campina Grande, PB, mas meu pai só me registrou como nascido em 13 de abril de 1949.

À época assim procediam os pais desidiosos. Ah! Isso de fato não importa. Explico apenas que já tive vários nomes e prenomes e, quando escrevo, me utilizo dos poucos conhecidos heterônimos.

Quando criança desejava ser médico ou professor. Cresci, fiquei adulto, envelheci e até hoje não me tornei médico, mas sou chamado por alguns de doutor sem eu exercer a medicina e até de professor mesmo sendo um simples eterno aprendiz e autodidata.

A SEVERÍSSIMA EDUCAÇÃO FAMILIAR

Dos meus pais, que Deus os tenham, recebi uma educação muito severa, sob os excessos de castigos físicos dolorosos com cintos, cordas trançadas com fibras de sisal e palmatória por pequenos erros e insignificantes travessuras infantis.

Assim cresci aprendendo a valorizar cada conquista sociocultural, móveis e imóveis que tenho e a correr atrás dos meus outros objetivos e sonhos de consumo.

Aprendi que nada na vida vem tão facilmente e que o trabalho estribado na determinação e qualificação; na informação e na comunicação; na boa educação e no respeito ao próximo e às diferenças entre os desiguais fazem de nós pessoas melhores.

Ah! A duras penas aprendi também a não revidar ofensas, a não cultuar ressentimentos, a ser tolerante e a não exercer a vitimização tão danosa à evolução espiritual.

SOB AMEAÇA DE CASTIGOS FÍSICOS OS LIMITES ERAM IMPOSTOS

Hoje em dia as crianças, os adolescentes e até alguns adultos não têm limites para seu atos, certos ou errados, segundo suas óticas. Sei que, para os que idolatram a anarquia sem limites, tudo é permitido, nada é proibido. Não foi essa a minha educação familiar.

Essa é a explicação pela qual jogo xadrez comigo mesmo. A vantagem? Perdendo ou ganhando sou o jogador que não humilha o adversário.

Todavia, entendo que essa liberdade, sem censuras, deforma caracteres e personalidades quando se transmuda, com o passar do tempo, em permissividade.

Isso usurpa o controle dos pais, dos poderes públicos e de outras autoridades constituídas. Entendo que é essa hipócrita liberdade a principal causa da anarquia e permissividade que hoje assolam o planeta Terra.

SUPERANDO MEUS LIMITES

Nunca encarei o ensino em escolas públicas como obstáculo ou peregrinação sociocultural. Meu segredo? Aprendi a superar meus limites e dificuldades sem macular os brios dos colegas!

Muito cedo me conscientizei que eu precisava me superar todos os dias: o problema com minha excessiva seriedade (dificilmente ria), a simplicidade das minhas roupas (sou despojado por natureza) e minha incompreendida solidão. Só depois de adulto descobri que sou levemente agorafóbico ou agoráfobo.

Sempre estudei em estabelecimentos de ensino público (Meu primário foi na Escola Municipal Monte Carmelo, sito em Campina Grande,PB; o ensino médio foi no Colégio Estadual da Prata, Campina Grande,PB e o ensino superior na Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ onde cursei por cinco anos Ciências Jurídicas e Sociais (Direito)).

MINHA FELIZ INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E VIDA ADULTA

Minha infância, até os doze anos, foi na próspera cidade de Mossoró, RN. Em 1961 meus pais voltaram para Campina Grande, PB. Ah! Na adolescência estudei na Escola SENAI, tornei-me bastante comunicativo, inventava histórias, escrevia bobagens e percebi que havia me superado.

Quando adolescente, a complementação das aulas eu fazia estudando à noite, em casa, sob a chama bruxuleante ou tremeluzente de uma lamparina fumacenta a querosene. Tudo em obediência ao meu pai que não permitia luz elétrica acesa depois das 21 horas!

Já adulto, em 15/01/1968, prestei o serviço militar inicial obrigatório. Incorporei e servi à Pátria como soldado recruta até 20/11/1968. Já era reservista quando aos vinte anos de idade (1969) fui candidato único aprovado, na cidade de Campina Grande,PB, num concorrido concurso para a Escola de Sargento das Armas — EsSA.

Superadas todas as demais etapas do certame frequentei o curso e ao término classificado em 7º lugar numa turma de trinta e cinco colegas de outros Estados da Federação Brasileira. Em 28/11/1970 todos nós fomos promovidos à graduação de 3º sargento da Arma de Infantaria.

O tempo inexorável passou depressa! Ao longo da trilha estreita do progresso, por conta das missões confiadas e assumidas, alguns colegas faleceram, outros só alcançaram a graduação máxima de subtenente.

O SÉRIO POR CONVICÇÃO

Em Campina Grande,PB, em 4 de março de 1971, antes de completar vinte e dois anos, casei-me com D. Maria de Fátima que, à época, contava com dezessete anos, mas desde 1967 eu namorava a macérrima menina de treze anos.

Essa hoje mãe dos nossos dois filhos e uma filha, até o presente momento, ainda me tolera. Louvo-a por essa comprovada resiliência e presentes que me deu. Refiro-me a uma linda filha guerreira (40 anos) e dois filhos maravilhosos (48 e 50 anos respectivamente).

Meus dois filhos e filha progrediram segundo suas livres escolhas e méritos profissionais. Eles têm problemas iguais a todas as pessoas. Por isso, altruísta e zeloso, em outras palavras, eu sempre lhes ensinei:

"Não adianta partilharem suas dificuldades com quem não lhes quer ouvir. Ademais, metade das pessoas não quer saber dos seus problemas e a outra metade fica contente e/ou muito feliz por vocês os terem! Por isso e por amor-próprio superem suas dificuldades sem se vitimizarem.".

A SENSAÇÃO DO DEVER CUMPRIDO

Em 28/02/2002 fui licenciado e passei para a Reserva Remunerada (R/1) depois de promovido ao posto de capitão, com os proventos (salário) de major, com mais de 32 anos de bons serviços prestados à Pátria incorporado ao Exército Brasileiro.

A quem me pergunta quanto é o meu atual salário (proventos) não mostro meu contracheque e respondo sem empáfia, mas respeitoso e tolerante: "Ganho mais do que preciso, mas recebo menos do que mereço.".

Servindo nessa briosa supracitada Força Armada conheci boa parte de algumas cidades brasileiras. Residi em João Pessoa, PB (três anos), Fernando de Noronha, PE (três anos e quatro meses), Rio de Janeiro, RJ (dez anos) e Brasília, DF (quatro anos).

O ANDARILHO APRENDIZ

Outros Estados e cidades conheci fazendo cursos: de extensão, especialização e estágios. Minha "bagagem" profissional, modéstia à parte, é excelente! Tudo por exclusivo mérito e determinação pessoal, e bom aproveitamento das oportunidades que me foram concedidas.

Aos poucos fui aprendendo a construir e manter as relações profissionais e de amizade. Hoje fico triste quando alguém me ofende graciosamente ou por motivo torpe com insinuações, palavras ou gestos, mas eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor.

Como já asseverei não revido ofensas. Magoar alguém é danoso, cruel e terrível. Por amar demais (intensamente) sou incapaz de causar algum tipo de desamor seja a quem for.

DURANTE O TEMPO LIVRE

Num tempo livre, quando consigo, gosto de ver filmes, assistir novelas cômicas e/ou dramáticas; leio livros e meus autores preferidos são Arthur Conan Doyle, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Edgar Allan Poe, Erico Veríssimo, Fiódor Dostoiévski, Gabriel García Márquez, Ernest Hemingway, Jorge Amado, José Saramago, Jorge Hessen, Mario Puzo, Victor Hugo e Zibia Gasparetto.

Tenho disposição em aprender e conhecer coisas novas e por conta dessa intenção me tornei um autodidata em algumas áreas do conhecimento humano.

Como já escrevi no prólogo deste texto sou movido a desafios e não recuo ante obstáculos onde vejo oportunidades de aprender e errar para me aperfeiçoar.

NEM RANZINZA NEM PERDULÁRIO

Eis o segredo do meu equilíbrio mental e financeiro: Não sou sovina nem ranzinza. Tampouco sou perdulário! Por isso não sou mal-humorado e gasto sempre menos do que ganho.

Ora, as melhores coisas da vida são gratuitas: Trabalhos voluntários, abraços, sorrisos, amigos, amigas, beijos, família, dormir, amor, sonhos, risos e boas lembranças.

Sou uma pessoa séria, dificilmente demonstro alegria, mas sou feliz. Amo a vida, a natureza, as mulheres, os animais, as crianças, os idosos, os desequilibrados e, diante de tudo e de todos, considero-me sempre um aprendiz.

Depois que entendi ser capaz de escrever me tornei um mitômano inveterado, mas por isso não me sinto culpado. O festejado escritor Ernest Hemingway já dizia:

"Todo escritor é um mentiroso nato, mas escreva sempre de modo que o leitor acredite ser uma verdade. Tudo o que você precisa fazer é escrever uma frase verdadeira.". — (SIC).

OS FICCIONISTAS SÃO ILUSTRES MENTIROSOS

Acredito que com esse conselho, outrora ofertado para um incipiente escritor, Hemingway quis dizer: "Depois de escrever uma só verdade invente, use sua imaginação, releia seu trabalho, descubra seus erros de somenos importância e corrija seus lapsos, mas não deixe de mentir de forma convincente!".

Portanto, é isso que eu faço sem culpa nem pejo do ridículo. Ainda tenho paixões carnais, anseios latentes. Sou igual a qualquer outra pessoa pecadora e irreverente. Tenho algumas imperfeições sociais.

Se os caminhos da vida material ainda não sei de cor, se não compreendo a linguagem dos sofridos é por saber não ser possível sentir as dores, ressentimentos e amarguras alheias.

MINHAS CONVICÇÕES

Gosto de trabalhar em grupo e interagindo com outras pessoas. Sei que o contato pessoal no ambiente de trabalho ou estudos é fundamental, mas já passei do tempo em que acreditava ser possível mudar o comportamento das pessoas com meus ensinamentos, minha profissão e trabalho. De nada me queixo. Sigo ladeira abaixo esperando a paz do alvorecer.

Acredito que tudo passa e não há um bem ou mal sem fim (sem término). Eu sempre acreditei que o autoconhecimento é a base para todos os outros conhecimentos da humanidade. Daí o meu extremo interesse em aprender sempre um pouco mais sobre mim mesmo e, como se não bastasse, colocar-me no primeiro degrau da longa escada do aprendizado, superando meus limites, passo a passo, sem ferir brios nem suscetibilidades alheias.

Enfim, sou a consequência, boa ou má, de minhas decisões, ações e escolhas; sou o produto dos meus erros e acertos. Frustrado ou realizado todo ser humano é uma síntese de uma oportunidade concedida e aproveitada com êxito ou subutilizada por motivos nem sempre compreendidos.

CONCLUSÃO

No momento, em tempo de crudelíssima pandemia, ESTOU FELIZ! Pratico as virtudes infusas (teologais e morais). As teologais têm como objeto a Deus; as morais têm como objeto os bons atos humanos. As teologais são três: fé, esperança e caridade. As morais, que se chamam também virtudes humanas ou cardeais, são quatro: prudência, justiça, fortaleza e temperança.

Há poucos dias um pedreiro que fazia uma minirreforma, talvez desnecessária, em minha residência me fez uma pergunta curiosa... Tratava-se de um emboço no muro de minha casa.

No intervalo para um café o supracitado profissional me perguntou: "Por que o senhor me contratou para fazer um serviço desnecessário uma vez que seu muro está muito bem chapiscado?". — (SIC).

Minha resposta: "Nessa crise pandêmica esse trabalho que lhe confio é para fazer circular o dinheiro. É para lhe ajudar a comprar seu gás de cozinha, pagar suas necessidades básicas... É para lhe valorizar como profissional fazendo com que se sinta útil e necessário para si mesmo, para mim e para a sua família.".

Creio que: Bem-aventurado será o homem que, amaldiçoado, mal-amado, incompreendido, agourado e odiado pelos ingratos que ele protege não guarda mágoas nem ressentimentos em seu coração piedoso.

Sou assim mesmo! Acredito que ser humanitário faz bem ao ego e sublima a autoestima. A cada dia, tento me tornar alguém melhor, mais equilibrado, menos agressivo, mais humano, compreensivo e tolerante com os poucos ou menos aquinhoados e desafortunados pela falta de uma oportunidade, mas principalmente com os desconhecidos e, até com os meus irrelevantes adversários.