52 ANOS DE HISTÓRIAS E DE MEMÓRIAS

Olá, sou Marinalva Almada!

Há certas coisas que batem na porta da minha memória e que fazem parte da minha história.

Nasci em 29 de novembro de 1971, no povoado Centro do Agostinho, atualmente município de Senador Alexandre Costa, na época era município de Gov. Eugênio Barros.

Sou filha de Lucas Pinheiro Almada e de Raimunda da Silva Almada. Tive a honra de conhecer e conviver com os meus avós maternos: Raimunda Batista da Silva e José Alves da Silva. Tive o privilégio de ser criada pelos meus avós paternos: Raimunda de Jesus Pinheiro Almada e José Almada Filho.

Por parte de minha mãe sou bisneta de Luís e Tereza, Izidória Batista da Silva e Antônio Severiano e por parte de meu pai sou bisneta de José Almada e Francisca Vieira Rocha, de Mariana Pinheiro e Antônio.

Não cheguei a conhecer meus tataravós.

Morei com os meus pais até os nove anos de idade. A necessidade de estudar fez com eu migrasse para a cidade de Caxias por meio de minha avó paterna. O desejo de minha avó paterna, de ver os filhos e netos estudando, era maior que todas as dificuldades enfrentadas.

Cheguei em Caxias em fevereiro de1982, com 10 anos completos. Vim por meio da minha avó paterna, Mãe Jesus, que desejava muito que seus filhos e netos estudassem; então ela mandou me buscar para que fosse morar com uma senhora em Teresina, chamada Zezé, com isso ficaria morando e estudando lá. No entanto, não fiquei em Teresina, chorava todos os dias com saudade de meus pais, irmãos e parentes, até que a dona Zezé resolveu me devolver aos meus pais.

Ao retornar para Caxias, pedi para ficar na casa de minha avó, por intermédio das minhas tias: Irma e Sônia, ela com muita luta aceitou, mas muito chateada, porque eu não quis ficar em Teresina. Então passei a morar no bairro Ponte. Este, possui um riacho com uma grande piscina pública. Naquela época era possível tomar banho e se divertir muito, hoje está poluída e cheia de lama, por falta de cuidados do poder público e de alguns moradores.

Lembro-me do tempo que assistia TV na praça Professor José Medeiros, pois a TV ainda era preto e branco para quem não tinha condição de ter uma em cores, ou nem possuía mesmo.

Aos domingos íamos à missa na igreja de Santo Antônio; participava da catequese em preparação para a 1ª comunhão. Tive como catequistas: Lili Azevedo e Teresinha Santos (In Memoriam), minha madrinha de Crisma. O Pároco da época era Pe. Bruno Taroco.

Estudei sempre em escola pública, que na época não havia nem carteira para sentar. Lembro-me de tudo isso como se fosse hoje; todos os dias eu levava meu tamborete – banquinho de madeira com assento de couro - para a escola. A minha sorte é que a escola ficava próxima. E os outros? Cada um se virava como podia.

Eu me lembro que antes de vir para Caxias ainda pequena gostava muito de brincar com meus irmãos e colegas na zona rural do povoado chamado Centro do Agostinho, hoje município de Senador Alexandre Costa, naquela época, era município de Governador Eugênio Barros. Apesar de gostar das brincadeiras de Ciranda de roda, Boca de forno, Cair no poço dentre outras, eu tinha muita vontade de estudar. Nesse período, não havia escola, pois era um lugar muito atrasado. Meu pai foi o meu primeiro professor, apesar de ser semianalfabeto me ensinou o ABC, a tabuada e a gostar de Literatura de Cordel.

Quando eu morava no interior costumava brincar, ouvir histórias à luz do luar e esquentar o frio nas fogueiras. De manhã cedo, ia para a casa dos meus avós maternos, enfrentava o latido dos cachorros e o orvalho matinal para me deliciar com o leite quentinho tirado da hora pelo meu avó, o Pai Zeza.

Recordo-me que quando passava muito tempo sem chover, nós, principalmente as mulheres e as crianças saíamos fazendo penitência com pedras na cabeça em pleno meio-dia, pedindo chuva. Ainda me lembro da música que cantávamos que era mais ou menos assim:

Chove chuva, que Jesus mandou!

Chove chuva, para o lavrador!

Já na cidade, vivi bons tempos que não voltam mais, porém de dificuldades, porque éramos muitos numa só casa. Nossos pais e meu avô viviam da roça e minha avó cuidava de todos nós: filhos, netos, netas e às vezes afilhadas que vinham também para estudarem,

Lembro–me quando meu avô Dedê chegava com sacos de arroz com casca, farinha de puba, farinha seca, doce de leite, feijão e milho para vender e consumir. O arroz tínhamos que pisar no pilão para poder cozinhar. Carne? Nossa! Era uma raridade.

Atualmente sou casada com o professor e escritor Valter Alves da Silva. Temos dois filhos: Antonia Mariely e Juan Gabriel. Moramos em Caxias - MA, onde somos muito felizes graças a Deus.

Apesar do sofrimento vivenciado, há alguns pontos que desejo destacar como: a crença em Deus, a persistência, o estudo e o apoio da família que contribuem, consideravelmente para o crescimento do ser humano e a valorização da vida.

Hoje temos muitas facilidades para estudarmos e vivermos melhor em relação ao passado nem tão distante. Cabe a cada um ter uma visão de futuro e lutar para conquistar dias melhores.