Eu

Não sou perfeita aos olhos dos Homens, mas sou perfeita na minha esquisitice, na minha singularidade e na minha existência. Vivo.

Não sou exemplo para quem quer ascender a altos níveis de estatuto, medidos por referências financeiras

e/ou materiais (não tenho casa própria, muito menos carro, nem iPhos ou outros gadgets electrónicos modernos que "podem demonstrar riqueza"); ando de taxinho (e conduzo - grata por ter carta de condução desde os 22 - dizia eu, conduzo carros alheios, quando me permitem), ando de autocarro, comboio, metro, etc. Sou modesta no vestir, andando sempre limpa e apresentável (o meu pai ensinou-me que pobreza não é porcaria); sou modesta no gastar* (não tenho vícios que me façam preferi-los ao meu bem-estar). Não vivo de ilusão, querendo dar referências daquilo que não sou. Muitas vezes, a preguiça toma conta de mim e adio coisas que poderia fazer agora. Muitas vezes, fico cansada de agir e reclamo comigo mesma ou com quem está ao meu redor. Muitas vezes, faço que esqueço, apenas para descansar mais um pouco. Procuro não mentir, embora alguns estados físicos e mentais, por vezes, possam levar-me a omitir ou a emitir "little white lies" (pequenas mentiras). Sinto-me confortável com isso? Claro que não e, por isso, procuro superar-me a cada situação.

Não tenho uma vida "perfeita" aos olhos de quem julga. Não tenho uma vida perfeita aos olhos de quem acha (!) que deveria viver assim ou assado.

Tenho uma vida perfeita aos meus olhos, olhos de quem já viu bastante diferença neste mundo, de quem já chorou muito, de quem já sonhou, acordou, voltou a sonhar e a acordar, de quem sonha acordada para poder agir melhor.

Tenho uma vida que procura ser pautada por acções íntegras e de respeito.

Sou exemplo para alguém? Talvez.

Deixo que essa pessoa (ou pessoas) faça a sua escolha. Não obrigo ninguém a ouvir-me nem a seguir os meus passos. Não obrigo ninguém a fazer das minhas palavras uma bíblia. Também não faço nada para evitar que me escolham como exemplo.

A única certeza que tenho é que apenas posso controlar o que parte de mim e, mesmo assim, há momentos em que me descontrolo.

Aprendi a não julgar-me (ainda estou em progresso) e, com isso, vou aprendendo a não julgar os outros também. Cada um de nós é único e deve ser respeitado por isso. Quem nos criou fez questão de deitar fora a forma e não repetir a dose.

Usando tudo isto como base, escrevo (e digo) que tenho orgulho em mim mesma, na pessoa que fui e na que vou moldando para me tornar: uma Mulher vencedora, ou seja, uma mulher que batalhou e vai batalhando para saber superar os desafios que a vida apresenta. Nem todos os dias são fáceis; nem todos os dias são de alegria ou festa, mas todos os dias são de GRATIDÃO por ter a oportunidade de superar esses desafios. Nem todos os dias são de superação, mas TODOS OS DIAS são de luta, ainda que esta seja passiva (há dias em que é necessário parar e não fazer nada).

Todos os dias são de dormir com um sorriso no rosto, pelo simples facto de ter completado mais um dia.

A única certeza que temos é a da Morte (maiúscula, por respeito). A Morte é a única que se garante. Nascer não é garantido. Viver também não.

Por tudo isto acima escrito, estou de parabéns: nasci e estou vivendo.

É assim que oriento quem busca por mim: agradecer por ter nascido e por estar a viver. As condições dessa vida são escolhidas por nós, ainda que possam ser determinadas pelas circunstâncias ao nosso redor.

Eu explico: posso escolher sentir-me grata, ainda que a minha casa seja de chapa ou não tenha água canalizada; posso escolher lamentar-me todos os dias, porque a empregada doméstica não veio trabalhar, ainda que viva numa casa de luxo e tenha todas as comodidades e conforto.

A escolha é minha.

Sou orientadora de vida (ahahahahah - Life Coach) formadora, mãe, filha, irmã, tia, prima... Sou apenas alguém que procura viver e modificar as circunstâncias dadas pela vida, para melhorar as minhas condições. Não se iludam pensando que apenas as condições financeiras/materiais são válidas.

Como orientadora, não tenho de ser rica, nem ter carro ou casa grande, nem tenho de exibir grandes marcas para mostrar que tive (tenho) sucesso. Isso é uma armadilha, uma vez que não são esses os meus objectivos primários.

Como orientadora, apenas devo procurar ajudar o outro a aprender a superar os desafios do dia a dia e a superar a si mesmo.

Como orientadora, apenas devo ajudar o outro a olhar para si próprio (e não a outro qualquer) como referência de comparação. Como disse lá atrás, somos únicos e, por esse motivo, não temos de comparar-nos a mais ninguém.

Como orientadora, devo certificar-me que o outro não olha para mim com expectativas de comparação, mas sim, como referência de ser única, com orgulho, assim como eu olharei para ele como ser único e incomparável, auto-superável.

AJ

11.11