Noite
Mais gatuna, que todos os ladrões
que rondam a minha alma.
Vaga dentro do meu silêncio
dona de todas as minhas horas.
Mais fúnebre que minhas flores mortas,
pelo canteiro, onde meu corpo cansado de tudo,
repousará eterno.
Entra, assombra!!
Morta, não me exime de suas façanhas.
Assim convivemos por longos dias
e insanas madrugadas.
É luz e é escuro.
Me trouxe amores,
mas não separa de nós a solidão.
Seguimos lado a lado com os nossos mortos
Que por ali ficaram.
Todas as manhãs, ela some morre;
todas as noites ela ressuscita
em busca de seus algozes.
Anda pela praia,
pelos homens ela não é vista.
Ela é música, sem forma, é poesia.
Rasga a alma dos amantes
e é vida em minha solidão.
É amor que suporta todas as perdas,
É dor que mata inerte e seca.
Imortal em suas curvas
está por todas os motéis,
abrigo dos viciados,
cama das prostitutas,
não depende de espelho
e nem mesmo do outro,
que lhe valha a sorte
numa taça de vinho.
Invejável, porque existe só,
ao mesmo tempo chora na chuva e suas lágrimas,
apenas lavam a tristeza da cidade.
Rainha, vela todas as mortes;
em ti todos se despem.
e se despedem sem dizer nada,
ingratos, egoístas,
só amam o espetáculo do sol.
Plena, sábia, avassaladora
abrigo dos miseráveis,
com todas as suas dores;
Apesar de mulher ,
não tem sexo;
È puta e traidora.
Em ti nascem e morrem, todos os amores.
(Edmilson Cunha)